Wunmi Mosaku estrela de ‘Lovecraft Country’, analisa a escolha de Ruby
Estamos entrando na reta final de Lovecraft Country, série original HBO, baseada no livro homônimo de Matt Ruff que aborda elementos do universo Lovecraft, mas também em temas como o racismo, xenofobia, machismo entre outros.
No episódio 5 intitulado Strange Case do show, AKA um dos melhores episódios até o momento, vimos a Ruby, personagem de Wunmi Mosaku, experimentando a “liberdade” pela primeira vez, em um Estados Unidos dos anos 50 sendo mulher e negra.
Em entrevista a atriz contou sobre esse seu momento na série e como se sentiu ao ler no roteiro, que ela se transformaria em uma mulher branca:
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“Eu realmente não sei como colocar isso em palavras … tem esse tipo de sentimento tipo, eu entendo [por que ela iria mudar para uma mulher branca], mas também é a dor de entender. É realmente muito profundo. Eu senti que neste programa você está enfrentando coisas que você superou ao envelhecer e amar a pele em que está e valorizar todos vocês e sua comunidade. Às vezes parece rebelde porque o mundo está dizendo o contrário… É uma coisa meio difícil de entender nessa idade, você sabe, amar quem eu sou e tudo o que somos. É difícil colocar a cabeça de volta no espaço onde você faria essa escolha. É uma coisa difícil de fazer porque parece que você está se traindo. E também parece que você está desenterrando coisas do seu passado. Você acaba tendo flashbacks de quando eu disse coisas como, ‘Oh, eu gostaria de ter cabelo comprido’, cachos mais longos, eu não gostei da minha lacuna [dentes] – todas essas coisas que são tão da África Ocidental – eu queria olhos mais claros … Todas essas coisas. Eu esqueci que eu já tinha esses pensamentos até ser confrontado com esse personagem.”
Ela complementa: “Houve um momento [com Ruby], que pensei comigo mesmo: ‘Oh, acho que disse isso [para mim mesmo quando era mais jovem]’, mas agora cheguei a um ponto de abraçar quem eu sou e amá-lo . Lembro-me de quando tinha sete anos, alguém comprou a revista Sugar para mim e lembro-me de abri-la e dizer ‘Oh, isto não é para mim’ E, honestamente, até hoje, nunca comprei uma revista…. Eu Ainda estou tendo flashbacks de coisas, meus amigos negros e eu temos conversado sobre coisas que acabamos de jogar para o público e que eram até então esquecidas. Todas essas coisas que encontramos com você sabe, racismo, está realmente surgindo neste momento e durante a quarentena e o despertar global e as pessoas ligando para pedir desculpas.”
Honestamente, este foi um dos episódios de maior impacto, principalmente por praticamente desenhar atitudes que muitos dizem não existir, e ler o que significou para a atriz justifica exatamente a emoção que sentimos assistindo.
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A história acompanha Atticus Turner, um soldado de 22 anos, veterano da Guerra da Coreia e fã de H. P. Lovecraft. Ao descobrir que o pai desapareceu, ele volta à Chicago, sua cidade natal, para, com o tio e uma amiga, partir em uma missão de resgate. Uma viagem que poderia ser trivial, não fosse o fato de Atticus ser um rapaz negro no auge da segregação racial nos Estados Unidos. No percurso até a mansão do herdeiro da propriedade que mantinha um dos ancestrais de Atticus escravizado, o grupo enfrentará sociedades secretas, rituais sanguinolentos e o preconceito de todos os dias.
A série é produzida por Jordan Peele e J.J. Abrams e o elenco conta com Jonathan Majors, Jurnee Smollett-Bell, Courtney B. Vanc e Michael Kenneth Williams.
A série é exibida aos domingo às 22h na HBO.