Um Trekker de carteirinha nos conta como foi assistir Star Trek: Beyond!
Cá estamos nós, pacientemente, aguardando a estreia de Star Trek: Beyond (Sem Fronteiras) que estreia somente em Setembro aqui no Brasil. Acompanho alguns grupos na temática trekker no Facebook e, em um deles, encontrei Marc Seven, um Vice Almirante, trekker de carteirinha e um dos fundadores do fã clube de Jornada nas Estrelas.
Eis que li em sua atualização de status que ele assistiu o novo filme da saga, feito especialmente para comemorar os 50 anos da estreia da série clássica. Corri para pedir sua colaboração em um post, eu precisava saber mais sobre sua experiência ao assistir o filme. E não me arrependi do pedido. Leiam o post. Apenas. Vida longa e próspera Nerds!
Se você é fã de Jornada nas Estrelas (Star Trek no original) há mais de 46 anos como eu, imagino como você ficou preocupado com as últimas mudanças da assim chamada “Era Kelvin” que iniciou em 2009 sob a batuta do diretor J.J. Abrams.
A receita do novo formato pedia algo que não fosse uma continuação dos episódios de quaisquer das seis séries ou dos já antigos 10 filmes feitos anteriormente. Eles queriam algo moderno que fosse mais atraente para pessoas que não amam tanto a ciência e tecnologia e isso estufou os dois primeiros filmes com muita ação e cenas radicais, com uma tripulação agindo de forma bem diferente de seus predecessores.
O resultado até que foi bom nas bilheterias, rendeu até um Oscar em 2009 e nos deu o primeiro filme 3D de Star Trek em 2013.
Mas agora, falando como trekker apaixonado que sou, creio que o preço dessa bilheteria foi sacrificar muitos conceitos básicos da história de Star Trek. Houve até um comentário do ator Levar Burton, que fez o Engenheiro Chefe Giordi LaForge em Jornada nas Estrelas – A Nova Geração, em que ele dizia que “nesses filmes novos estava faltando Gene Roddemberry”, o saudoso criador da série que tinha, por princípios, fazer de Star Trek uma mensagem para o mundo de um futuro otimista para a humanidade.
Não vou me ater aos detalhes desse sentimento, mas é com essa impressão que esperei por dois anos (desde que anunciaram o inicio da produção de um terceiro filme) para comemorar os 50 anos da série. Todos os trekkers rigorosos como eu estavam preocupados. A pergunta era: O que vão estragar agora? O que mais vão sacrificar em nome da bilheteria para os que não conhecem Star Trek?
Contei os anos, meses, dias, horas e finalmente ontem, soube de uma sessão vespertina do filme acontecendo à meia noite e 20 minutos do dia 21 de julho de 2016. Nem pensei duas vezes e corri para o IMAX da minha cidade (Marc mora em Volgogrado, antiga Stalingrado – Rússia).
O filme inicia de uma forma muito bonita, mostrando o Capitão Kirk bem mais maduro depois de três anos em sua missão de exploração de Espaço Profundo – determinada para ser de cinco anos. Ele mesmo fala sobre como tem sido sua vida e o que pensa sobre uma decisão séria que tem que tomar assim que chegar ao seu atual destino.
É claro que há também um detalhe diplomático ocorrendo, o que tornou a frase “Me tire daqui Scotty” bem necessária.
A Enterprise chega na Base Estelar Yorktown. Um nome que em si é uma homenagem a Gene Roddemberry que tinha planejado esse mesmo nome para a nave que hoje se chama Enterprise. Esse e muitos outros “ovos de páscoa” podem ser vistos durante o filme.
A base em si é de uma maravilha visual e funcional estonteante! A cena de atracação é simplesmente de se parar e admirar a criatividade humana.
Cada membro da tripulação passeia pela gigantesca base que serve de ponto de encontro diplomático, um campo neutro para as inúmeras negociações entre os mais de 100 mundos que compõe a Federação de Planetas Unidos, cuja Frota Estelar mantém naves como a Enterprise explorando, defendendo e servindo a comunidade como um todo.
Depois de algum tempo, uma estranha nave se aproxima com uma refugiada em desespero pedindo socorro. A almirante que comanda a base envia a Enterprise. E é aí começam os problemas.
O diretor Justin Lin e o ator Simon Pegg escreveram essa história e atuaram grandemente para que o filme fosse esse sucesso todo (que está sendo na minha opinião). Sucesso por que ele não sacrificou nenhum canon como os outros dois filmes fizeram, e mesmo assim o resultado é uma história com muito humor, ação e emoção para agradar até quem não é trekker ou nunca assistiu nada sobre Star Trek.
É bem sabido que a Enterprise é destruída assim que chega ao planeta. A tripulação abandona a nave, por ordem do Capitão, que é o último a sair dela. A cena em si é muito bem construída, nos inserindo na mente do Capitão – onde conseguimos compartilhar seu sentimento de perda.
Quando você pensa que já houve agitação demais, logo percebe que Star Trek retrata a teimosia da humanidade e que o sentimento de união e de “depender uns dos outros” para sobreviver é uma das marcas registradas da familiaridade que vemos em todas as tripulações de naves estelares.
Você vê cada personagem demonstrando suas próprias preocupações em estilos já bem conhecidos – não da forma variável e inovadora dos últimos dois filmes, mas de forma que costumava ser nos seriados clássicos – dadas as nuances de interpretação e talento dos novos atores. Isso, na minha opinião, deve ser agradecido aos autores.
Um inimigo espetacular e misterioso vai sendo, aos poucos, decifrado e, como sempre, a tripulação da Enterprise descobre que seu objetivo maior é destruir a base Yorktown. Para eles, a Federação é um erro e agora, que a Enterprise foi destruída, existe o poder necessário para acabar com a base.
Tudo isso contra um inimigo espetacular. A equipe sob o comando do Captião Kirk tem que fazer coisas mais espetaculares ainda para detê-lo. Será que eles conseguem? Perderam a nave! Perderam TUDO!
As soluções que eles encontram pelo caminho são mesmo tudo o que precisam e o que vale é a genialidade para usá-las da forma necessária!
Como disse antes, há várias homenagens às origens da série nesse filme. Enquanto assistia, deixei no cinema muitas risadas, gritos de euforia, orgulho e até algumas lágrimas.
Os medos que eu tinha sobre o que poderia ser estragado se mostraram inexistentes. Eu estava feliz por ter visto mais um filme de Star Trek totalmente genuíno. Um filme que me deu a mesma satisfação de antigamente, onde eu via que a humanidade tem qualidades nobres que devem ser cultivadas ao longo dos anos para que um dia, quem sabe, sejamos algo positivo para todas as formas de vida que povoam o universo.
Vida Longa e Próspera!!!
Vice Almirante Marc Seven
Star Trekkers Brasil – Fan Clube de Jornada nas Estrelas
Obrigada Marc! Sua colaboração com esse post foi incrivelmente incrível! Emocionada e mais ansiosa ainda para conferir o filme nos cinemas do Brasil! A estreia por aqui será somente em Setembro.
Leia mais sobre Star Trek