SPINNING OUT | Nova série é destaque positivo na Netflix!
BOA NETFLIX!
2020 mal começou e alguns lançamentos já estão chegando a Netflix. No primeiro dia do ano, Spinning Out chegou ao streaming sem muito alarde. A série apareceu por lá e pegou muitos fãs de surpresa, trazendo Kaya Scodelario no papel da protagonista. E após conferir todos os 10 episódios, podemos afirmar que a Netflix começou seu ano com o pé direito. Spinning Out traz alguns problemas em seu desenvolvimento, mas o resultado é bem positivo.
Criada por Samantha Stratton, Spinning Out aparenta ser apenas um seriado sobre esportes. A premissa tende a isso e a patinação artística realmente é o assunto central. Não devemos, porém, julgar a produção apenas pela modalidade esportiva. A patinação é plano de fundo para uma série de problemas e assuntos delicados vividos pelos personagens. Questões pessoais se misturam ao estresse envolvido no esporte e tudo aquilo que acarreta em uma vitória.
A série
O drama da Netflix é focado na vida de Kat Baker. A jovem atleta sofreu uma grave lesão cerebral enquanto tentava a sorte em uma competição, o que a deixou de fora do rinque por muito tempo. Já recuperada fisicamente, Kat só quer voltar a patinar e a sentir novamente o que sentia sobre o gelo. Embora já esteja apta, o psicológico é seu pior inimigo e voltar a patinar se mostra muito mais difícil do que ela imaginou.
Quando o destino decide ajuda-la e Kat ganha uma outra oportunidade de patinar, ela vê toda sua vida se transformar. Justin não é o parceiro dos sonhos e o lado bad-boy do menino não ajuda. Além disso, a menina não recebe nenhum apoio familiar, pelo contrário. A mãe é bipolar e o transtorno também passou para a filha. Revelar isso ao mundo poderia acabar com a carreira de Kat.
Serena
Carol Baker (January Jones) está longe de ser um exemplo de mãe. Sofrer do transtorno de bipolaridade influencia o tratamento sob suas filhas, principalmente Kat. Serena tem apenas 16 anos e assim como a irmã, sonha em ser campeã de patinação. A menina é a maior vitima da mãe e sofre na pele as mudanças frequentes de comportamento. Tudo o que Serena queria era ter uma vida tranquila em casa, mas as discussões diárias entre Carol e Kat a transformam em uma jovem reservada e infeliz.
Ao longo da trama, é possível até mesmo desejar por uma mudança no protagonismo. A vida de Kat se mostra repetitiva e até mesmo chata. A menina sofre do mesmo transtorno da mãe, mas faz escolhas baseadas em sua própria intuição. Serena, por outro lado, se vê envolvida em meio a uma série de segredos e mentiras. Aos 16 anos, a menina sofre de abusos físicos e psicológicos que são praticamente ignorados.
Kat é a protagonista, mas está longe de ser a mais prejudicada com tudo o que acontece.
Justin
Branco, com cabelo loiro e liso, olhos claros e uma família rica, ele é o típico galã de Hollywood. Justin (Evan Roderick) é o melhor patinador da região e seu pai está disposto a gastar muito dinheiro para ver o filho campeão. Quando um acidente tira a parceira do rapaz do gelo, Kat vê ali a oportunidade que precisava. É o início de uma parceria improvável, dentro e fora de campo.
O relacionamento de Justin e Kat é o grande chamariz da produção. O casal está na imagem de divulgação da série da Netflix e a partir de certo momento, torna-se o centro das atenções. O comportamento de Justin se transforma “milagrosamente”, como Spinning Out precisa que seja. Os dois são opostos em todos os argumentos, desde a vida pessoal até a patinação.
Embora previsível, ver o desenvolver do casal é interessante e uma ótima jogada para manter o público romântico preso na tela.
O transtorno
A doença mental é o enredo da série. Inicialmente como segundo plano, é destacada apenas nos momentos de discussão entre Kat e a mãe. Até metade dos episódios, sabemos que Kat toma remédios a todo tempo e que isso tem influência em sua vida. Com o decorrer, a menina dedicada e obcecada por esporte que vemos no início se transforma em uma pessoa debilitada e prejudicada pela doença.
É interessante ver a maneira como a série lida com a bipolaridade. Não espere ver assuntos médicos ou um enfoque muito grande no assunto, pois Spinning Out lida de forma diferente. O assunto central ainda é o esporte, mesmo quando a doença se torna protagonista. Tudo gira em torno da maneira como as vítimas lidam com as consequências da bipolaridade, e como não se medicar pode afetar a vida de todos ao redor.
É normal ?
Em geral, produções que lidam com doenças mentais dão um enfoque único nas mesmas. Pessoas são tratadas diferentes pela trama e por todos em seu ciclo social. Em Spinning Out acontece o oposto. Demora até que os amigos de Kat percebam sua condição e enquanto toma sua medicação, a menina consegue lidar com a mudança de comportamento. É possível tratar pessoas bipolares com normalidade, sem taxa-las de diferentes e/ou isolá-las.
Esconder o que tem traz graves consequências para Kat. A partir do momento em que tudo é esclarecido, até mesmo sua família consegue lidar melhor. Precisamos dar a devida atenção a doenças mentais e a quem sofre com elas. Incluir as pessoas na sociedade e trata-las da forma mais normal possível é um grande passo.
Spinning Out
Essa é uma daquelas histórias que não conseguimos largar. Trazendo dez episódios com quase 1 hora de duração, não vemos o tempo passar e até mesmo somos surpreendidos quando o episódio acaba. A trama pega o público desde os primeiros minutos e nos vemos envolvidos com os personagens. A maneira como o roteiro foi desenvolvido é a grande chave de ouro do seriado. Ponto para os roteiristas.
O elenco escolhido é ótimo e se adequa ao que a série precisa. Os personagens vão mudando de comportamento ao longo da série, influenciados por tudo o que acontece dentro e fora do rinque. E curiosos como somos, logo queremos saber o que irá acontecer a seguir.
Spinning Out lida com assuntos delicados e necessários, introduzindo-os no dia a dia. A forma orgânica com a qual a série lida com suas temáticas é cativante e angustiante, nos fazendo querer cada vez mais história.
Os problemas
Como mencionado no início do texto, Spinning Out tem problemas. Buscando trazer um alívio do relacionamento entre Kat e Justin, assuntos paralelos são introduzidos de forma aleatória. Algumas tramas secundárias se revelam melhor que a central, como o relacionamento de Dasha (Svetlana Efremoya) e Jenn (Amanda Zhou). A russa e a melhor amiga de Kat se revelam as melhores personagens da série e nos pegamos torcendo para que voltem a aparecer.
A forma como os problemas de Serena (Willow Shields) são ignorados incomoda. A mãe e a irmã sofrem da doença, mas é ela a grande prejudicada da história. E nada é feito sobre, apenas seguimos em frente. A cereja do bolo do desastre vem quando a história introduz Dr Parker (Charlie Hewson). O personagem passa a ter destaque sem mais nem menos e ganha uma atenção desnecessária.
O final
O segundo ponto negativo da série é o desfecho. Embora pensado de forma a estimular o público para uma possível segunda temporada, sem a mesma confirmada não temos nada. Em um cenário de cancelamento, o seriado ficará sem desfecho e não deixará sua marca no catálogo da Netflix.
Spinning Out já está disponível na Netflix.