SABRINA | Wicca, feminismo e muita magia!

O Mundo Sombrio de Sabrina chegou à Netflix, pelas mãos de Roberto Aguirre-Sacasa, com a proposta de ser uma série adolescente com a temática de bruxaria. A primeira temporada entregou uma história pesada sobre satanismo, senhor das trevas, um “patriarca” da igreja profana e um coven misógeno de bruxas (poisé) em Greendale. No meio de tudo isso, Sabrina, uma adolescente mestiça (meio humana, meio bruxa), que tem por princípio, questionar e desobedecer. 

Depois de duras críticas sobre a mistura de temas e formas de se comunicar, Sabrina chegou em sua segunda temporada, com um especial de Natal, contando realmente uma história adolescente. Tivemos triângulo amoroso, duelo de bruxas, duelo de pretendentes, troca troca de namorados e uma grande revelação que prometia unir as duas primeiras partes da história: Sabrina é a herdeira de Lúcifer (himself).

Chegamos, então, na terceira parte de O Mundo Sombrio de Sabrina… depois de contar a história em duas versões completamente diferentes, Roberto (o showrunner e tals) conseguiu entregar, calmamente, o que idealizou a longo prazo. Ele amadureceu Sabrina para que ela não fosse apenas uma menininha querendo questionar os conceitos do mundo em que vivia. Ele revelou os podres do mundo bruxo e humano, para que entendêssemos que a guerra era necessária! Mas, acima de tudo, ele entregou o que muitas mulheres e meninas, do mundo inteiro, sempre quiseram ver em uma história de bruxa: o verdadeiro ponto de vista feminino!

É sempre muito fácil construir o mundo das bruxas a partir do ponto de vista masculino: fogueiras, traições, poções do amor, relacionamentos, e tudo o que a literatura sempre priorizou. Mas é complicado você mostrar amadurecimento pessoal através de poções e conversas pelos corredores de uma academia bruxa, e Roberto fez isso como ninguém nessa nova temporada. Tivemos mais de dez cenas de sororidade verdadeira, cultos à deusa, à mãe natureza, à Lilith e à todas as importantes representações femininas de nossa história. 

Sabrina entra em conflitos internos e tem muitas mulheres diferentes para aconselhá-la e apoiá-la. As demais bruxas e mulheres da história, circulam pelos ambientes entendendo que, inicialmente, elas vão se engalfinhar, mas que isso nem faz tanto sentido assim. Roz (a amiga de Sabrina), chega na escola em um dos episódios, com a intenção de questionar os sentimentos de Sabrina e Harvey, mas prioriza ajudá-la em uma missão mais importante. Zelda é questionada por Mamma Marie sobre suas intenções ao convidar bruxas menos poderosas para ajudar o coven, e entende que ela não precisa ter medo de aprender com quem sabe mais!

No fim, Roberto prova que contar uma história pelo ponto de vista feminino pode ser simples, desde que baixemos a guarda para consumir também! Nós, mulheres, vivemos nossa vida quase inteira sozinhas, guerreando, questionando e nos defendendo! Mas e se a gente só se permitir viver o que queremos? Nem que a gente tenha que se dividir em duas partes e viver mais de uma vida em uma só… né?

As três primeiras partes de Sabrina estão disponíveis na Netflix.

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