Quase Uma Rockstar emociona mesmo com os clichês
Adaptações são complicadas. A pressão por trazer algo igual ou muito semelhante a história original dos livros muitas vezes impede o filme de ganhar o destaque necessário. Hoje, Quase Uma Rockstar chegou à Netflix. O filme adapta o livro de Matthew Quick de mesmo nome, publicado em 2010. Autor de O Lado Bom da Vida, Quick ganhou fama após sua história ser adaptada para os cinemas, protagonizada por dois dos maiores nomes de Hollywood, Jennifer Lawrence e Bradley Cooper.
Agora, o autor volta a ter uma trama sua estampada nas telas da Netflix. O sucesso não será o mesmo, pois a adaptação aqui não foi tão bem feita quanto a anterior. Quase Uma Rockstar se rende aos clichês adolescentes e se torna apenas mais um dentro do streaming.
Amber
É impossível ler o livro de Quick e não se emocionar. A história é toda voltada para Amber (Auli’i Cravalho), uma jovem desafortunada na vida, mas que sempre procura ajudar os outros. Amber perdeu o pai ainda nova e foi criada pela mãe alcóolatra, aqui vivida por Justina Machado. A mãe vive um relacionamento abusivo com Oliver e Amber optou pelo caminho de evitá-lo sempre que possível. Ela tenta avisar a mãe sob os perigos do relacionamento com Oliver, mas ao que parece, Becky só se preocupa consigo mesmo (e com o álcool que ingere). Amber encontra refúgio na companhia do viralata Bobby Big Boy, um chihuahua minúsculo que sempre fica a seu lado.
Apesar da mãe não estar presente em sua vida, Amber sempre contou com o apoio de muitos amigos. Quando não tem de voltar para o ônibus escolar onde dorme, ela passa o tempo na casa de Ricky (Anthony Jacques), um menino autista que tem nela sua melhor amiga. A mãe de Ricky cria Amber como sua filha e lhe dá todo o amor e apoio que uma mãe deveria oferecer. Ela ainda conta com Ty (Rhenzy Feliz), seu melhor amigo e por quem ela é completamente apaixonada. A boa notícia: ele também é.
Por fim, Amber é voluntária em um asilo e uma igreja. Na casa de repouso ela conhece Joan (Carol Burnett), uma senhora debochada e amarga com a vida, mas que vê na menina uma neta querida. Joan lhe dá conselhos e mesmo que de um jeito torto, lhe traz amor.
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Quase Uma Rockstar é recheado de clichês em sua história e podemos dizer ter um final previsível. A vida de Amber, porém, é triste e solitária, trazendo emoção ao público em momentos de solidariedade por parte de seus amigos. A história do livro consegue ser mais emotiva e profunda e isso o filme deixa a desejar. A produção da Netflix acaba ficando superficial e não entrega ao público metade do que deveríamos compreender. O relacionamento de Amber e Joan, por exemplo, é denso e muito bonito. No filme, as duas protagonizam poucos minutos em tela e todo o talento de Burnett é desperdiçado.
Auli’i Cravalho é uma boa protagonista, mas talvez tenha uma aura inocente demais. Amber aprendeu muito com os traumas que a vida lhe trouxe e se posiciona de forma mais fervorosa diante das dificuldades. Ela é autruísta, mas não tão boazinha como Cravalho parece ser. Sua atuação é fundamental para o ar adolescente que o filme adota e isso prejudica. Quase Uma Rockstar não é um filme clichê, mas sim um filme sobre superação, companheirismo e amor. Temos poucos vislumbres disso e todo o contexto do livro poderia ter sido explorado.
Ao final, o que temos é mais uma das inúmeras produções adolescentes disponíveis no catálogo da Netflix. Não é uma comédia romântica como todas as outras, mas também não atinge o nível de seriedade que precisa.
Quase Uma Rockstar já está disponível na Netflix.