O processo de criação de Wish (Disney)
Inspirado no estilo visual único das animações da Disney, o filme em cartaz nos cinemas contou com um longo processo de pesquisa e computação gráfica
Celebrando o centenário da The Walt Disney Company, Wish: O Poder dos Desejos chegou recentemente nos cinemas brasileiros. A nova animação da Walt Disney Animation Studios apresenta uma aventura no Reino Mágico de Rosas, onde a jovem e espirituosa sonhadora Asha faz um desejo tão poderoso que é atendido por uma força cósmica: uma pequena esfera de energia chamada Estrela. Juntas, Asha e Estrela enfrentam um inimigo formidável, o Rei Magnífico, soberano de Rosas, para salvar sua comunidade e provar que quando a vontade de uma pessoa corajosa se une à magia das estrelas, coisas maravilhosas podem acontecer.
O enredo encantador reforça o legado da companhia e convida o público a revisitar antigas histórias ao referenciar outras animações no decorrer no longa e ao utilizar antigas técnicas de desenvolvimento criativo do estúdio, como a aquarela, no processo de criação dos personagens e do Reino Mágico de Rosas. Saiba mais sobre como Wish: O Poder dos Desejos foi idealizado e criado!
O INÍCIO DE TUDO
O longa animado em cartaz nos cinemas de todo o Brasil começou a ser idealizado em 2018, logo após Jennifer Lee ser nomeada diretora criativa do estúdio e comentar com Chris Buck, diretor de Frozen, sobre uma produção para homenagear o centenário da The Walt Disney Company. “Queríamos fazer um filme que abraçasse o legado que Walt criou, tornando-o relevante para os dias de hoje, que é o que ele teria feito. Ele estava sempre ultrapassando os limites”, explica Lee.
Buck, então, começou a organizar no corredor quadros com imagens das produções do estúdio nos últimos 100 anos como forma de inspiração. “Os eventos mundiais que aconteceram ao longo desses anos iam desde euforia, como o pouso na Lua, até devastação, com desastres naturais e guerras”, diz Del Vecho, produtor de Wish: O Poder dos Desejos. “E em meio a tudo isso, os filmes da Disney ofereceram esperança e inspiração. Quando percebemos que eles sobreviveram a todos esses momentos foi muito emocionante e essencial para o início de Wish”, complementa.
Os diretores e roteiristas foram mais além e realizaram inúmeras pesquisas nas bibliotecas de filmes e sobre o próprio Walt Disney, principalmente sobre sua infância em Marceline (Missouri, Estados Unidos) nas sessões de desenvolvimento criativo. Dentre as histórias escutadas, há que os filhotes dos animais da fazenda de Walt usavam, ocasionalmente, vestidos – fato este que inspirou o personagem Valentino a usar pijamas, inclusive
Durante essas análises e pesquisas, os cineastas discutiram também sobre o retorno de um clássico vilão da Disney. “Existem algumas categorias de vilões“, explica Chris Buck. “Há aqueles que querem ganhar poder, como Jafar ou Úrsula, e há vilões que querem manter o poder que têm, como Malévola. E o que queríamos era um personagem que o público reconhecesse como vilão logo, alguém que o público adoraria odiar, alguém como o Rei Magnifico”, finaliza.
FALANDO EM PERSONAGENS
Asha é a essência do filme, por isso, ela precisava refletir o cenário da história. “A mãe de Asha é do norte da África e seu pai era da Península Ibértica, o que fazia sentido que ela (Asha) continuasse com as tradições visuais. Sempre tento encontrar pistas visuais que façam os personagens serem memoráveis. A trança de Asha foi inspirado nisso” explica Bill Schwab, diretor de arte dos personagens.
A forma como o vestido de Asha foi desenhado também foi essencial para transmitir sua essência . “O vestido de Asha tem silhueta medieval e está fixado de um lado para mostrar que ela é da classe trabalhadora. Eles adicionaram sementes de abóbora como decoração e parecia joia, mas na verdade são sementes, o que, neste caso, adiciona uma qualidade orgânica e humilde à ela” comenta Griselda Sastrawinata-Lemay, designer de produção associada.
Não foi somente Asha que passou por esse estudo de características, o Rei Magnifico também. De acordo com a Griselda, foi importante mostrar sua importância sem abrir mão de muita coisa. “Não queríamos revelar de antemão que ele é um cara mau”, diz ela. “Uma das maneiras que fizemos isso foi com uma paleta de cores mais clara. O forro da capa de Magnifico lembra tetos medievais pintados de azuis e dourados. Estava olhando para showmen como Liberace e Elvis como inspiração. À medida que o lado vilão do rei sai, Magnifico fica mais desgrenhado.” Apresentar a mágia de formas diferentes também foi um mecanismo que a produção achou para representar o crescimento do rei. “No início, a mágia de Magnifico parece benigna, leve e muito bonita”, diz a designer de produção Lisa Keene. “Mas quando ele se volta para um livro especial que adquiriu é o momento em que decide se envolver em magia negra. É aí que entramos nos verdes estéticos e em alguns tons bem duros para ele. Se você pensar em todas as vezes que vemos o verde associado aos vilões da Disney – Malévola, a Rainha em Branca de Neve e Úrsula – é um símbolo de algo que esconde a verdade. É uma cor de engano.”
De acordo com Avneet Kaur, chefe de personagens e animação técnica, Magnifico era extremamente complexo. “Ele usa muito as mãos e respira muito – tudo precisa ser refletido nas várias camadas de roupa que ele usa“, diz Kaur, cuja equipe lidou com a simulação de pano e cabelo. “Ele tem um torso largo e musculoso, o que torna muito difícil para as camadas de roupa responderem, mantendo um bom formato em ‘V’, com poucas rugas e linhas limpas” complementa Kaur.
Além de Asha e do Rei Magnifico, outros personagens precisaram de um olhar cuidadoso ao serem criados, afinal, são uma releitura de um grupo especial para a história das animações da Disney.
Os adolescentessão confidentes, protetores e amigos de sempre de Asha. E são, também, um aceno ao legado da Disney. De acordo com a roteirista Allison Moore eles são inspirados nos sete anões “cada adolescente é fantasiado com a mesma paleta de cores de seu personagem legado e, também, compartilham um ou dois traços de suas personalidades. Seus nomes até começam com a mesma letra.”
UM ANTIGO, PORÉM, NOVO VISUAL
O estilo único e atraente em aquarela de Wish: O Poder dos Desejos foi inspirado nas primeiras produções do estúdio, como Branca de Neve e os Sete Anões (1937), Pinóquio (1940), A Bela Adormecida (1991) e A Pequena Sereia (1989). Porém, essa criação só foi possível devido a criação do sistema de desenho em computação chamado de Meander, que possibilita a combinação da tecnologia do CG com o desenho à mão que dá vida aos personagens e aos cenários do filme.
Para a designer de produção Lisa Keane, no filme “há uma aparência de aquarela e uma textura de papel – como uma ilustração em movimento”. Ela complementa explicando que “há muito tempo temos a capacidade de fazer fundos em aquarela, mas não conseguimos alcançar o mesmo visual no personagem. Agora podemos unir todas essas ideias em computação gráfica por causa das ferramentas que foram desenvolvidas. Ver tudo isso se unindo foi emocionante.”.
Wish: O Poder dos Desejos já está disponível nos cinemas.
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