Nomadland traz uma trama profunda e crítica para 2021
Nomadland chegou como um divisor de águas na carreira de Chloé Zhao. A diretora vencedora do Globo de Ouro de Melhor Direção e Melhor Filme chega aos cinemas com sua terceira produção e ainda este ano irá estrear a quarta, com o lançamento de Eternos.
Nomadland traz Frances McDormand no papel da protagonista, uma mulher viúva e desempregada, que após perder o emprego durante a crise de 2008, é obrigada a virar nômade. Ela perdeu a casa e não consegue arrumar um emprego fixo, afinal, as consequências para a cidade que morava foram horríveis. Boa parte de seus moradores acabou se mudando e Empire foi literalmente abandonada. Em um espaço curto de 6 meses, o que antes era uma cidade passou a ser um lugar sem CEP.
Embora não tenha um título oficial em português, o filme teria algo como “Terra dos Nômades”, em tradução livre. E é exatamente sobre isso que o filme fala. Fern, personagem de Frances, optou pelo estilo de vida nômade após sofrer as perdas que sofreu. Ela agora vive em uma van adaptada, que contém uma cama, alguns móveis e o suficiente para ela viver uma vida simples. O filme foi inspirado no livro “Nomadland: Surviving America in the Twenty-First Century”, de Jessica Bruder e serviu de base para Zhao mostrar esse “American Way of Life” que muitos filmes de Hollywood não falam sobre. Assim como Fern, existem muitos nômades espalhados por aí.
Embora cansativa e longa demais, a narrativa encontra seus momentos chaves para se desenvolver. Fern precisa encontrar empregos temporários para sobreviver, como o de uma empacotadora da Amazon durante o Natal. De sua forma própria, a diretora evidencia esse tipo de empregabilidade, muito valorizada pelo mercado e pelos empregadores como oportunidade de sobrevivência.
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Chloé Zao também assina o roteiro e edição do filme, merecendo todo e qualquer prêmio que ainda venha a receber. Mesmo com o ritmo lento, Nomadland é uma obra prima e traz um significado muito maior por trás de seus minutos em tela. Cenas que poderiam facilmente ser cortadas da edição final, como Fern caminhando pelo deserto, encaixam no objetivo da diretora de contar uma história. A vida dos nômades não é simplesmente viver viajando e com o pé na estrada, é viver da incerteza, viver da ausência de uma base para voltar e chamar de lar.
O filme traz mais uma brilhante atuação de Frances, que cria a aura melancólica e machucada necessária a personagem. Fern já sofreu muito e já foi muito castigada pela vida, buscando refúgio na comunidade nômade e nas poucas pessoas que ela consegue chamar de amigos. Ali conhecemos o âmago da mulher que assume o protagonismo da história e conta a sua versão do estilo de vida americano. Para ela, viver dentro de uma van foge dos estereótipos de Hollywood, com carros de luxo e paisagens belíssimas. Para Fern, aquilo é o dia a dia, é o cotidiano.
Nomadland tem previsão de chegar ao Brasil em abril deste ano.