LITERATURA | Quais são os maiores livros do século XIX?

OBRAS INCRÍVEIS!

O século XIX foi o século que viu nascer Einstein, também viu chegar ao mundo Adolf Hitler. Essa frase inicial talvez sintetize adequadamente o quanto o século XIX foi centúria de luz e ciclo de trevas, mas nem de longe é capaz de abarcar a dimensão exata do que foram os anos 1900. Foi um século tempestuoso, foi um século bonançoso, foi isso e muito mais e a arte da escrita foi o para raios desse tempo.
Nesta época, o escritor refletiu o contexto social, político e econômico de sua época e, à bem da verdade, a literatura do século XIX andou sintonizada com o pensamento mórbido de seu tempo. A sociedade humana revelou-se desigualitária, violenta e excludente e muitos autores, sensíveis a essa injusta organização, não deixaram de registrar, em suas criações literárias, o espelhamento das turbulências da tempestade. No seio das nuvens achavam-se os raios e nos pélagos profundos da arte encontravam-se as pérolas. Dez obras publicadas no século XIX traduzem adequadamente a treva e a luz para o idioma humano:
1 –Frankensteinou o Prometeu Moderno, Mary Shelley (1818) – Arrebatado por uma sociedade cientificista e encantado com a alquimia medieval, um estudante brilhante e pouco ortodoxo decide trazer de volta à vida um ser humano feito de partes de diferentes homens. Quando atinge seu objetivo e dá o sopro de vida à criatura, é tomado de horror e foge, abandonando sua criação. Forjado numa existência solitária, o monstro decide ir atrás de seu criador. Mas é novamente rejeitado e, amargurado pelo modo odioso com que é tratado pelas pessoas, inicia a mais cruel das vinganças através da perseguição que os leva a um inevitável fim trágico; 2 – O Conde de Monte Cristo, Alexandre Dumas (1844) – Vítima e vingador, Edmond Dantès, o personagem central, encarna ele próprio, o destino.A história de um bom homem a quem roubam a liberdade e o amor. No cativeiro trava amizade com o abade Faria, que lhe oferece ajuda para a fuga.Um homem que regressará coberto de riquezas, vingador impiedoso, para além de toda a lei humana ou divina; 3 – Moby Dick, Herman Melville (1851); – Moby Dick é uma temida baleia branca que desafia seus caçadores. O Capitão Ahab, em uma das tentativas de matá-la, perde a perna e jura-lhe vingança ou a destruição de seu navio. A bordo do baleeiro Pequod, o demoníaco capitão percorrerá grandes distâncias até encontrar Moby Dick e o derradeiro destino do Pequod e sua tripulação; 4 – Grandes esperanças, Charles Dickens (1860-1861) – Narra a vida de Pip, um rapaz a quem foi concedida uma fortuna a fim de se tornar um cavalheiro sem o árduo esforço ou a aristocrática fonte de renda necessários para tal papel. Sobretudo, um romance de redenção e perdão entre seus personagens e que aborda questões envolvendo justiça, racismo, escravidão, o alcance do Império Britânico e as questões coloniais; 5 – Crime e castigo, Fiodor Dostoievski (1866) – Raskólnikov, um jovem estudante, pobre e desesperado, perambula pelas ruas de São Petersburgo até cometer um crime que tentará justificar por uma teoria – grandes homens, como César ou Napoleão, foram assassinos absolvidos pela História; GAME OF THRONES | PERFIL DE PERSONAGEM: EURON GREYJOY ‘OLHO DE CORVO’! MENINAS MALVADAS 2 | A CONTINUAÇÃO PODE ACONTECER! 6 – Guerra e Paz, Leon Tolstói (1865-1869) – Ambientado na Rússia do início do século XIX, o romance lida com temas essenciais à vida contemporânea: a guerra e a paz. Tolstói narra as guerras entre o imperador francês Napoleão e as principais monarquias da Europa, dissecando causas, origens e conseqüências dos conflitos e, principalmente, expondo os homens e suas fraquezas; 7 – As Farpas, Eça de Queirós (1871) – Uma admirável caricatura da sociedade da época, fruto da raiva sentida por uma nova geração diante da burguesia que se instalara no poder após a Regeneração de 1851 e todas as suas repercussões, não só a nível político, mas também econômico, cultural, social e até moral, a religião e a fé católica, a mentalidade vigente, com a segregação do papel social da mulher; a literatura romântica, falsa e hipócrita; 8 – Um Estudo em Vermelho, Sir Arthur Ignatius Conan Doyle (1887) – Uma obra de ritmo vertiginoso de suspense e mistério que propõe um enigma terrível e invencível para a polícia: um homem é encontrado morto, sem ferimentos e cercado de manchas de sangue. Em seu rosto uma expressão de pavor. Um caso para Sherlock Holmes e suas fascinantes deduções narrado por seu amigo Dr. Watson, interlocutor sempre atento e não raro maravilhado com a inteligência e talento do detetive; 9 – Dom Casmurro, Machado de Assis (1899) – Bentinho e Capitu são criados juntos e se apaixonam na adolescência. Mas a mãe dele, por força de uma promessa, decide enviá-lo ao seminário para que se torne padre. Lá o garoto conhece Escobar, de quem fica amigo íntimo. Algum tempo depois, tanto um como outro deixam a vida eclesiástica e se casam. Escobar com Sancha, e Bentinho com Capitu. Os dois casais vivem tranquilamente até a morte de Escobar, quando Bentinho começa a desconfiar da fidelidade de sua esposa e percebe a assombrosa semelhança do filho Ezequiel com o ex-companheiro de seminário; 10- O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde (1890) – O belo jovem Dorian Gray, o protagonista, torna-se modelo para uma pintura do artista Basil Hallward. O pintor apresenta Dorian ao Lorde Henry Wotton, que o faz tomar consciência de sua beleza e do valor de sua juventude e o inicia num mundo de vícios e desregramento. Apaixonado pela própria imagem e influenciado pelas palavras de Lorde Henry, Dorian deseja permanecer eternamente belo como no retrato. Misteriosamente, seu desejo é atendido.
Texto escrito por M. R. Terci. Ele é escritor, roteirista e poeta. Antes de se dedicar exclusivamente a escrita, foi advogado com especialização em Direito Militar e mestrado em Direito Internacional, Ciência Política, Economia e Relações Internacionais. É o criador da série O Bairro da Cripta, lançada anteriormente pela LP-Books e que reforçou seu nome como um dos principais autores brasileiros de horror da atualidade. Com base em fatos históricos, Terci substitui os castelos medievais pelos casarões coloniais, as aldeias de camponeses pelas cidadezinhas do interior, os condes pelos coronéis e as superstições por elementos de nosso folclore e crendices populares, numa verdadeira transposição do gótico para a realidade brasileira. Seus livros não são apenas para os fãs do gênero horror. Seu penejar é para quem aprecia uma narrativa envolvente, centrada na experiência subjetiva dos personagens mediante as possibilidades que o contexto sobrenatural de suas estórias permite.
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