Imperdoável desperdiça chance de ser o filme do ano
Sandra Bullock segue sendo até os dias de hoje como um dos maiores e mais renomados nomes de Hollywood. Conhecida por inúmeros sucessos, como o blockbuster A Casa de Pássaros, a atriz acaba de lançar seu mais recente trabalho em Imperdoável, onde ela interpreta Ruth Slater, uma ex-presidiária condenada por um crime violento que busca reconstruir sua vida após 20 anos na cadeia.
A premissa parece batida e não podemos deixar certas semelhanças entre o novo filme da Netflix e produções anteriores do mesmo gênero. A produção começa no exato momento em que Ruth ganha sua liberdade, enquanto é aconselhada por Vincent Cross (Rob Morgan), o policial que ficará responsável por acompanhá-la durante sua liberdade condicional. Ela sabe que tem algumas regras que precisa seguir para não voltar para a cadeia, mas os fantasmas do passado começam a assombrá-la no momento exato em que ela pisa fora da prisão.
O roteiro de Peter Craig, Courtenay Miles e Hillary Seitz, apresenta ao público o que já era esperado, um destrinchamento da vida de Ruth como uma ex-presidiária na sociedade. Após tanto tempo presa atrás de uma grade, Ruth não consegue se relacionar muito bem com outras pessoas e precisa morar em um apartamento de estruturas precárias. Ela também não consegue arrumar um emprego decente e precisa aceitar a única coisa que lhe oferecem.
A história de Ruth é bonita e quando interpretada pelo talento sublime de Bullock, convence o público nos minutos inciais, mas acaba decepcionando. O filme segue uma mesma escala de cinza e ritmo lento, arrastando o espectador pelo monótono da vida da protagonista. Ela fala pouco e percebemos que muitos diálogos, que poderiam ter sido criados para moldar uma cena, são substituídos por olhares ou uma trilha sonora forçada.
Enquanto buscam criar uma imagem de Ruth como vítima, o longa esquece em focar na vida dos familiares prejudicados por suas ações e a tentativa de colocá-la como heroína é falha. Bullock pode morar no coração do fã, mas não podemos deixar de apontar o que ela causou em seu passado. O drama carregado de sofrimento por trás de Imperdoável perde a chance de destrinchar melhor sua história ao invés de simplesmente apresentá-la.
Por fim, nem mesmo o elenco consegue salvar Imperdoável, pois além do uso de Sandra Bullock sem lhe dar o devido espaço de fala, Viola Davis, uma das maiores atrizes da atualidade, se torna uma mera coadjuvante como esposa do advogado responsável por ajudar Ruth. Ao final, o que temos é um filme previsível e que não provoca empatia no público.
Imperdoável está disponível na Netflix.
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