Greyhound poderia ter muito mais do que apenas 90 minutos
Greyhound foi mais uma das muitas vítimas do mundo do entretenimento a sofrer com a pandemia do coronavírus. O filme seria lançado nos cinemas em julho deste ano, mas acabou tendo seu lançamento transferido para o streaming da Apple, o Apple TV+. Protagonizado e assinado por Tom Hanks, que também atuou como roteirista, a produção ficou disponível no último dia 10.
Inspirado em histórias reais, o filme traz no nome o destroyer norte-americano produzido durante o período de Guerras. De um lado, Hanks optou por não dar muito valor ao inimigo, aqui composto pelos nazistas alemães. Os heróis são formados principalmente por britânicos e norte-americanos, esses últimos na liderança da principal embarcação do comboio. Greyhound é mais um dos clássicos filmes nacionalistas norte-americanos, onde os mesmos são ganham destaque desde os primeiros momentos e saem como os grandes heróis.
O Filme
O cenário aqui é a Batalha do Atlântico, um confronto marítimo que aconteceu entre setembro de 1939 e maio de 1945. A disputa fez parte dos muitos embates que aconteceram durante a Segunda Guerra Mundial. Estados Unidos, França e Inglaterra se uniram em um combio composto por 37 navios mercantes, cujo objetivo era derrubar os U-Boats alemães. Nos 90 minutos de duração, Greyhound nos leva ao confronto com 7 submarinos alemães e o que temos em tela é uma verdadeira batalha naval.
Hanks interpreta o comandante do Greyhound, Ernest Krause. Em sua primeira travessia, ele enfrenta o desafio de ter que liderar o comboio contra os nazistas, que são verdadeiros fantasmas embaixo da água. Nenhum nazista ganha destaque, apenas a voz de um dos marinheiros alemães, que entra no filme para dar um terror psicológico e perturbar a tripulação. O grande vilão, se é que podemos chamar assim, atende pelo condinome de Lobo Cinzento, o principal U-Boat da frota inimiga.
Greyhound tinha todo o potencial para entrar na lista dos melhores filmes de guerra da história. O nome de Hanks no protagonismo é o grande chamariz e o filme entrega toda a sua trama nas costas do personagem. Não é difícil imaginar que o ator entregue um excelente trabalho, afinal, estamos falando de Tom Hanks. O filme, porém, decepciona ao economizar no tempo, nos detalhes e no desenvolvimento de seus personagens e sua história.
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Greyhound
O que temos aqui é um roteiro com medo de arriscar e sair de sua zona de conforto. Os personagens são apresentados, mas não explorados. A história do comandante, por exemplo, se resume a um romance franco introduzido nos primeiros minutos. Sabemos que Krause é religioso, mas acaba aí. Diálogos entre ele e sua tripulação, com destaque para o cozinheiro do navio, dão abertura para que cada personagem ganhe espaço, mas o filme escolhe por não fazê-lo. O resultado é uma trama curta, rasa e objetiva.
Greyhound entra na lista dos filmes que precisava de mais tempo em tela. Os pouco 90 minutos não são suficientes para abranger cada detalhe, cada particularidade da história e de seus personagens. O filme se torna superficial e o público fica a todo tempo esperando o grande momento de Tom Hanks. Até mesmo quando o vilão é derrotado, tudo acontece tão rápido que nem chegamos a perceber o que aconteceu ali. Foi isso? Já acabou? O filme poderia ter apresentado os vilões, explorado mais o passado de Krause. 2 horas seriam o suficiente para termos uma boa história, sem ficar cansativa.
Não só de pontos negativos é feito o filme. A fotografia de Greyhound é linda, bem como sua trilha sonora. Nos poucos momentos reflexivos de Tom Hanks, a música entra para pincelar a cena.
Greyhound já está disponível na programação da Apple TV+.