O Espadachim de Affonso Solano: Entrevista!
“Então com que ele luta mesmo?” O Brasil finalmente acordou para a fantasia no meio literário! Depois de muitos anos, alguns autores, finalmente, conseguiram quebrar um preconceito que sempre existiu por esse estilo, nas terras brasileiras. Agora, lançando seu segundo livro da série O Espadachim de Carvão, o jovem Affonso Solano, nos apresenta um universo extremamente encantador. Você já conhece? Apresentando o autor para quem ainda não o conhece, Affonso Solano é carioca, designer e podcaster de longa data. Ele é um dos fundadores do podcast Matando Robôs Gigantes. Affonso já foi colunista do site Tech Tudo mas, o que nos chama a atenção para esse post é, com certeza, o talento para escrever histórias de fantasia com muita qualidade.
Em 2013, Affonso lançou O Espadachim de Carvão, pelo selo Fantasy da Editora Casa da Palavra. O livro conta a história de Adapak, um jovem que vive no mundo de Kurgala. Ao ser caçado por um grupo de assassinos, ele é obrigado a sair do local sagrado onde vivia, para enfrentar um mundo hostil. Como cresceu isolado de tudo, o espadachim sofre por conta de sua inocência e porque tem de lutar para preservar os segredos de sua origem. Depois do sucesso do livro, em 2015, Affonso lança a segunda parte da história, intitulada O Espadachim de Carvão e As Pontes de Puzir. É uma continuação direta de sua primeira obra, o que expande e aprofunda o leitor ainda mais nesse universo.
No dia 20 de setembro de 2015, a Livraria Leitura do Parque Dom Pedro Shopping em Campinas, São Paulo, fez uma sensacional tarde de autógrafos com o carioca. Nós estivemos por lá para conversar um pouco com o autor! Confira um pouquinho do que rolou nesse bate papo:
CoxinhaNerd: Você é uma pessoa que surgiu no mundo dos podcasts, primeiro com o MRG e, depois, com o JN. Daí, algumas pessoas começam a publicar livros nerds e, quando percebemos, você está publicando também. Por que?
Affonso Solano: Então, não foi do nada. Eu comecei em 2000/2001 com uma história que vendi pro Omelete. Era um blog bacana ainda, não era esse monstro que é hoje em dia. Eu vendi a história, que era um protótipo do espadachim, uma coisa bem Dungeons & Dragons ainda. Era uma HQ em flash! Nós ficamos um ano no ar e as pessoas escolhiam para qual caminho a história ia. Já me interessei nessa forma de contar história fantástica. Quando tive de tirar a história do ar, comecei a escrever o livro e, no meio desse caminho, surgiu o MRG. Tudo então começou a evoluir, mas eu já tinha esse livro acontecendo. Depois de um tempo, a Editora Rocco entrou em contato comigo, porque eles gostariam de um livro de fantasia, mas o meu livro ainda não estava pronto. Isso rolou em 2008 e eu falei que não poderia mesmo publicar nada. Então, quando o livro ficou pronto, já aconteceu de eu estar com o MRG bem avançado, já estar no JN, já escrever para o G1… Não foi do nada, foi um projeto que nasceu e cresceu aos pouquinhos…
CN: Aqui no Brasil, ainda existe um preconceito com literatura fantástica. Várias pessoas ainda torcem o nariz pra esse tipo de obra. Você já passou por algum tipo de preconceito com esse projeto?
AS: O Brasil melhorou bastante! Claro que eu passei pelo processo da aceitação né? Quando eu era mais novo, era preconceituoso também. Quando o Vianco lançou os livros dele, também exerci desse preconceito e falei: “Ih será?” – Só quando eu saí e fui atrás do meu projeto é que percebi que as coisas não eram bem assim. Eu também me preocupei, mas tive a sorte, posso colocar assim, de que o terreno já havia sido pavimentado por muita gente, incluindo o próprio Vianco, o Raphael Draccon e o Eduardo Sphor. Não fui o primeiro a quebrar o gelo, entende? O pessoal já havia visto que o mercado dava certo. Eu tive outros paradigmas para quebrar, como o paradigma do blogueiro que tem que escrever sobre ele mesmo. Mas a ideia era seguir a mesma linha do Sphor – Ter uma história bacana para contar, isso é uma propriedade intelectual que pode dar certo!
O Espadachim tomou forma e agora deu tão certo que ele pode vazar pra outras mídias. No início dessa semana, confirmamos a produção de uma animação para a Netflix, na mesma pegada da Lenda de Aang e também do Samurai Jack. Tem a estátua colecionável, que o escultor é o Ed Vieira – que esculpiu O Astronauta Magnetar. E, além de tudo isso, está para sair em dezembro, uma história em quadrinhos do Espadachim de Carvão. O livro mostrou todas essas possibilidades. Assim como Star Wars tem HQ, filme, livro e videogame, nós conseguimos fazer o mesmo e crescer com o nosso projeto! Que venham mais pessoas fazendo e criando, cada um vai abrindo mais portas pro próximo.
CN: O que você diria para essa nova leva de autores que está aparecendo? Para essa nova leva de projetos relacionados ao mundo da fantasia?
AS: Primeiro, que eu não tenho a fórmula do sucesso, nem de longe! As vezes, algumas pessoas me perguntam e eu sempre respondo que realmente não sei – mas ninguém quer ouvir isso. Eu achei meu caminho como comentei com você. Criei um site, fiquei mandando para um monte de grandes projetos – Mandei para o rpg.com, para o Omelete e para muitos outros também. O Omelete comprou a ideia, mas foi uma coisa bem “de porta em porta”. Hoje em dia, está mais fácil publicar nossas próprias coisas e fazer com que elas “viralizem”. Hoje em dia, tem o Facebook, na minha época não tinha isso. Claro, tinha o Orkut, eu viralizei o MRG por lá. Eu ia nas comunidades e divulgava tudo. Claro, eu estou falando do MRG, mas qualquer produto que você tenha, você tem que dar um jeito de divulgar. Eu acho que, se for bom, vai viralizar, tem muita gente boa produzindo conteúdo em outras mídias e que não pegou – não é só porque a pessoa é conhecida que vai vender pra caramba. Lógico que tem gente que vende também, mas é uma coisa que, no âmbito da fantasia, é mais difícil de acontecer.
“Escreva para você, escreva uma coisa que você gosta, não tente copiar os outros, não tente copiar uma “formulinha”. Trabalhe muito, abra mão das coisas que você gosta, principalmente quando você é mais novo. Se você quer produzir esse tipo de conteúdo, trabalhe apenas, porque lá na frente, vai valer a pena! E trabalhe, trabalhe para caramba!”
Obrigado Affonso Solano e Livraria Leitura pela entrevista e atenção! Você, meu caro leitor nerd que ama fantasia, não perca tempo e se aventure pelo mundo fantástico de Affonso Solano!