Entendendo o final de 1899 da Netflix

1899 já está entre nós! A nova série original da Netflix é claustrofóbico e viciante; Complexo e visceral; onde ao longo dos seus episódios, as migalhas que nos são oferecidas sobre seus personagens destaque preenchem lacunas que podem ou não responder as perguntas que fazemos e que os criadores não estão preocupados em responder. Afinal, a complexidade da mente e do comportamento humana é o que importa de fato. Baran bo Odar e Jantje Friese desde Dark se preocuparam em fazer um Sci-fi original sim, mas também em trazer à tona questões sociais que nos proporcione reflexões.

O show encerra com um gancho surpreendente e com muitas perguntas no ar. Veja o que entendemos do final!

 

****************************** ATENÇÃO SPOILERS A SEGUIR ****************************

O sétimo episódio termina com o Kerberos sendo lançado através de um vortex no meio do oceano para o que parece ser um cemitério de navios. Navios estes que fazem parte da simulação onde todos os passageiros que conhecemos ao longo dos episódios estavam.

No episódio final, nos aprofundamos sobre os passageiros em si. Em conversa com Eliot, o “pai” explica que diferente deles dois, todos estão ali voluntariamente, pois desejavam esquecer suas vidas, seu passado. Conforme o homem, Maura enganou a todos, e ela seria a única pessoa capaz de tirar todos de lá.

O episódio se desenrola com os personagens separados em grupos. Uma parte tentando descobrir uma saída no Kerberus [E parando separadamente nas memórias alheias]; Eyke e Maura na memória de Daniel; e Daniel em algum ponto tentando de alguma forma salvar a todos.

Em paralelo, o “pai” leva Eliot a uma sala para poder mostrar a “verdade” ao menino. E a verdade que o jovem vê é que ele está morrendo, e de alguma forma ela [Maura] quer impedir isso, aprisionando sua mente.

O “pai” explica que Maura se fixou na ideia da Caverna de Platão ainda jovem, e se agarrou nela de que “Nosso conhecimento é limitado e não temos como saber se as coisas são realmente o que parecem… Estamos adormecidos alheios a nossa verdadeira natureza…” Como saber o que é real? “Como saber se a verdadeira realidade não está além do que estamos vivendo?”

Ele finaliza o raciocínio traçando um paralelo com Deus e sua criação, onde Maura teria mencionado ainda jovem que todos seriam marionetes na mão de Deus, se questionando sobre quem teria criado Deus. A Conclusão define a simulação criada como uma grande casa de bonecas criada para aprisionar (ou manter se referir) aquelas pessoas “vivas”.

Faltando 15 minutos para o final, Maura é de fato capturada e levada para o pai, e ao ser confrontada temos a principal revelação do show: Maura é a verdadeira criadora daquela simulação. Maura e Daniel criaram juntos e todos ali estão presos no ciclo infinito de repetições pela Maura.

Daniel consegue mudar o código da simulação e quando ela se finaliza, o looping não recomeça. Maura acorda no que parece ser a primeira simulação que juntos idealizaram.

E não termina por aí, os minutos finais nos dão um vislumbre de uma nova problemática: uma nova simulação. O pior, o irmão que Maura tanto buscava, é quem está por trás do controle de toda a simulação, e seu pai, na verdade, está preso ali como todos os outros. Maura precisa acordar, pois ela é a única capaz de impedi-lo. E ao despertar… ELA ESTÁ NO ESPAÇO!

O que é verdade, o que é mentira? Assim como Dark, 1899 é uma grande teia onde perguntas são constantemente feitas e que respostas são raramente dadas; que se encerra obviamente com um enorme gancho para uma possível segunda temporada que dependerá do público para acontecer.

Contudo, se você me perguntar o que acredito que seja tudo aquilo, eu te respondo que acredito que Maura e Daniel tenham criado tudo como forma de manter a memória de Eliot viva. Em várias cenas uma cruz é vista, então, é possível deduzir que o menino morreu -de fato-. Os demais, que estão ali, são/foram cobaias do projeto.

Todos possuem algum tipo de trauma que não nos foi completamente revelado, mas que a dor os liga; e esquecer os que os fere internamente, foi a escolha que fizeram neste looping. E no âmbito reflexivo, podemos imaginar o navio ou a simulação como a ideia de mundo, um experimento social que espalha os dias atuais. Conflitos que envolvem religião, sexualidade, xenofobia, classicismo, misoginia são apenas alguns dos temas explorados, e o que os criadores da série nos mostram é que, independente da realidade, da época, da região onde nasceu; estas problemáticas se repetirão ciclicamente, provando serem mazelas que precisam ser combatidas por nós enquanto sociedade.

Mal posso esperar para ver mais e descobrir mais desta história que escalonou tão rapidamente que não consigo imaginar para onde vai.

A série chega em 17 de novembro, na netflix, veja aqui o que achamos!.

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