EFEITO PIGMALEÃO | Um tesouro francês da Netflix!

Assim como não podemos julgar um livro pela capa, não devemos crucificar um filme por um título ruim. Ainda mais quando estamos falando, na verdade, de uma tradução ruim. Efeito Pigmaleão está longe de ser algo atrativo, pelo contrário. A primeira impressão é a de que estamos diante de um filme infantil e brincalhão, cujo título faz um trocadilho com uma expressão já conhecida. O resultado, porém, é bem longe disso.

Estamos diante de um dos grandes destaques internacionais da Netflix. O filme francês lida com um dos maiores desafios da atual geração: manter adolescentes entretidos e motivados dentro da escola. Em um cenário pobre de um subúrbio francês, a marginalidade é tentadora e fácil, enquanto livros e tarefas não trazem o incentivo necessário.

O Filme

O título original é La Vie Scolaire (A Vida Escolar), que reflete com maior precisão o que o filme nos traz. Com aproximadamente 2 horas de duração, muito se assemelha ao cenário de outras produções, como até mesmo a novela Malhação. A trama se passa majoritariamente na escola, dentro de salas de aula e em meio aos corredores. A relação entre os jovens é explorada, bem como desenvolvimento individual de cada um.

O roteiro é centralizado na chegada de Samia Zimbra (Zita Hanrot), nova orientadora educacional. Por razões pessoais, Samia se mudou para a pequena escola na periferia de Paris e assumiu uma missão quase impossível. Os alunos da escola nunca receberam a devida atenção e muitos eram, inclusive, separados em um sala para “problemáticos”. O cenário incomoda Samia, que faz o possível para traze-los para perto.

Efeito Pigmaleão

A realidade dos jovens é dura. Viver na periferia, muitas vezes sem suporte da família ou do governo, por serem filhos de imigrantes, lhes dá acesso a todo tipo de atividade. Muitos têm na criminalidade uma boa perspectiva de vida e até a chegada de Samia, não viam solução em sala de aula. A orientadora os mostra vertentes da música e da arte nunca apresentadas. Aos poucos, o grupo dos problemáticos vai se tornando algo coeso e determinado, adaptando-se a nova rotina.

Um dos pontos chaves de Efeito Pigmaleão é o roteiro, extremamente bem estruturado. Mehdi Idir e Grand Corps Malade desenvolvem a trama de forma a apresentar ao público, gradativamente, os elementos do filme. A empatia que criamos com os alunos, bem como com os professores, é fundamental para o impacto que a produção traz. Lidamos com ficção, mas o cenário não poderia ser mais real. É impossível não comparar com a situação em que temos em nosso país, com tantos jovens sofrendo da mesma falta de atenção.

Boa, Netflix!

Samia é o destaque, mas apenas centraliza a atenção. Ela é o centro de todas as tramas paralelas, que giram em torno do assunto principal: a escola. Dentro desse ambiente temos a abordagem de assuntos como xenofobia, homofobia, racismo, machismo e muitos outros. Os mesmos não são inseridos de forma forçada, de forma a evidenciar para o público a crueldade que podemos ver dentro das paredes de uma escola.

Efeito Pigmaleão é um ótimo filme para se ver em uma tarde em família, ou até mesmo ser mostrado em uma sala de aula. A produção é simples e rápida, mas carrega uma série de lições importantes. Sem dúvida um destaque positivo dentro do catálogo da Netflix, além de nos trazer mais uma produção fora do eixo Estados Unidos – Inglaterra.

Efeito Pigmaleão está disponível no catálogo da Netflix.

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