Motivos para deixar a Rey em paz!
Assisti O Despertar da Força na pré-estréia. Tirei minhas próprias conclusões, processei minhas emoções e, falei sobre o assunto apenas com aqueles que assistiram. Não coloquei nada em minhas redes sociais ou qualquer lugar onde pudesse ser visto, por respeito a quem queria as surpresas da trama. Mas, agora, já me sinto à vontade para comentar um pouco mais, e falar sobre algo que tem me incomodado ouvir: Rey.
Não, eu não me refiro a representatividade. Acho importante mulheres heroínas e modelos de caráter no cinema, quadrinhos, brinquedos e tudo isso, mas não preciso defender esse lado, há pessoas melhores que eu fazendo essa parte. Também, não tem nada haver com quem são os pais dela (eu acredito mais na teoria de que ela seja uma Kenobi, mas isso é só minha opinião pessoal), nem com as teorias mirabolantes dela ser uma reencarnação do Anakin e tudo isso ai… O que me incomoda, e bastante, é as pessoas apontarem que a história é absurda por ela poder realizar tudo o que realiza! Então, venham comigo que eu vou explicar algumas coisinhas!
Pra começar a conversa: amiguinhos, Star Wars tem mais de 30 anos de história! Com isso, surgiu todo o universo estendido, com explicações anteriores e posteriores de muitas coisas do universo da saga. Tudo para os nossos corações insaciáveis, que precisavam dessas respostas. E sim, eu sei que a Disney desmontou boa parte disso, declarou que quase tudo se tornou nulo e afins… Mas, ela também criou e autorizou material! E o que isso tem haver com a Rey e o meu incomodo? TUDO!
A história do Episódio VII foi escondida até bem pouco tempo, tudo para proteger as surpresas do filme. Então, nada mais natural do que as pessoas se surpreenderem com o que surgiu na tela e se perguntarem sobre como uma menina, catadora de sucata e que é praticamente uma “Maria Ninguém”, saber fazer tudo o que ela faz: consertar coisas, pilotar naves, lutar. E a especulação começou a correr solta, junto com as críticas… Mas poucos pesquisaram a respeito. Poucos prestaram atenção a TODOS os lançamentos que acompanharam o filme. E um deles é muito relevante para contar a historia da Rey: o livro Before the Awakening.
A PARTIR DESTE PONTO HAVERÁ SPOILERS, DO LIVRO E DO FILME
Sim, lançado no dia 18 de dezembro, Before the Awakening (Antes do Despertar – em tradução livre – ainda não possui edição no Brasil – eu não encontrei 🙁 ), foi escrito por Greg Rucka e publicado pela Disney-Lucasfilm Press. É um livro de 240 páginas, destinado as crianças entre 8 e 12 anos e, focado nas histórias sobre as vidas de Finn, Poe Dameron e Rey antes dos eventos do Episódio VII. Mas só por ser um livro infantil, não significa que não possa ser uma preciosa fonte de informação, ainda mais por estar aprovado pela Disney!
A primeira dúvida sobre Rey que o livro esclarece, é sua idade. No período do livro, ela está em torno dos 19 anos, e com isso podemos presumir que ela deve ter pouco mais no Episódio VII. Também conta a idade correta de quando ela foi abandonada/deixada em Jakku: 5 anos. Então, ela sobreviveu por 14 anos num planeta difícil. Essa é outra coisa a se pontuar. Entenda: se ela não aprendesse a lutar, a defender o que era seu, não teria sobrevivido. Simples assim. Ela tem de conseguir a sucata pra ter comida, mas se deixar que tirem dela, e vão tirar, vai sofrer e passar fome. Com o tempo, ela percebe que coisas em melhor estado tem maior valor, por isso se esforça em melhorá-las e consertá-las antes de negociar. Ela é uma mecânica talentosa, com um tipo de compreensão inata de como maquinaria se encaixa e funciona. Mas na minha opinião, ela aprendeu bastante com tentativa e erro também, e vou explicar porque acho isso mais à frente.
Então, não me venham com “churumelas” de que ela não pode saber lutar assim do nada, porque ela realmente não sabia. Ela aprendeu durante toda a vida a se defender. Ganhou força física escalando, arrastando, escavando e tudo o mais que precisou fazer para recolher a sucata. Luke precisou de um intenssivão, carregando Yoda e afins, porque, vamos convir, viveu uma “vidinha luxuosa” perto da dela. Ele teve suas dificuldades, mas sempre amparado por alguém, não é?
Ela não pode pilotar assim do nada! De novo, ela não pilotou do nada… Ela morava num AT-AT tombado. Recolhia sucata. Claro que algumas coisas ela guardava pra si. Uma das coisas interessantes que ela encontrou nas grandes naves caídas no deserto, foi um simulador de vôo, que ela levou pra casa e usou como fonte de entretenimento, um videogame particular (será que eu posso voar por ai? Aprendi a pilotar boings no Fly Simulator! kkkkkkkk). Depois que aprendeu a voar, ela se imaginou muitas vezes deixando Jakku, mas sempre ficou, esperando pela família.
Ok, ela consegue arrumar pequenas coisas, mas você quer me convencer que ela seria capaz de saber mexer na Falcon? Na Millenium Falcon? Ah, vá! Sim, eu quero. E aqui também quero explicar o porque eu acredito que ela adquiriu parte de seus talentos com tentativa e erro. Vamos lá?
Jakku é um planeta composto de grandes desertos e, como tal, claro que está sujeito a tempestades de areia, que cobrem e desencobrem coisas. Os restos de grandes batalhas caíram lá. Então, de tempo em tempo, aparecem e desaparecem restos e coisas ocultos na areia. Em uma das ocasiões que isso aconteceu, Rey encontrou um pequeno cargueiro (não se empolguem, não era a Falcon) e muito animada, resolveu restaurá-lo, porque assim, teria o “item de sua vida” para negociar com Unkar Plutt. Ela passa a se dedicar completamente ao cargueiro, mas tem problemas, além de ter de defender o que é dela de outros sucateiros. E ai, nessa parte de problemas, é que as coisas dão e não dão certo. Ela não sabe exatamente como consertar tudo. É um projeto enorme, mas que deu experiencia! 😉
Claro que você deve estar se perguntando: porque ela não usou essa nave? Onde foi parar? Bem, como explicado, Jakku não é nenhum mar de rosas. Ela durante todo o processo, acaba fazendo suas primeiras amizades: uma garota chamada Devi e seu parceiro Strunk. Eles se oferecem para ajudar a restaurar o cargueiro em troca de uma pequena porcentagem. No começo, ela até que não confia neles, mas eles se provam úteis para ajudar a resolver os problemas da nave e os três passam um longo período juntos, e ela também aprende com eles as coisas que deram certo. Quando tudo está pronto e eles partem para negociar a nave, Rey é traída enquanto está falando com Unkar, e seus “amigos” levam a nave embora. Ela se resigna e volta a sua rotina de sempre… (Treino da mente? “Treine a si mesmo a deixar partir tudo que teme perder.” Mestre Yoda teria ficado orgulhoso!)
Uma curiosidade sobre Rey é o capacete que aparece com ela no filme. Eu vi pessoas eufóricas, apontando isso como prova dela ser uma Skywalker, porque acreditam que o capacete é o do Luke. Não. O livro esclarece: o capacete é do Capitão Dosmit Raeh. Rey inventa histórias sobre quem era ele e de qual planeta poderia ter vindo. Ela também encontra um uniforme de vôo em um contêiner de carga e faz um boneco com ele. Brincando com ambos, ela imagina encontrar rebeldes perdidos e levá-los de volta para suas naves. (Ei, Finn, você contou a história perfeita pra ela te ajudar!)
Ela usa a Força contra um cara treinado! Um futuro vilão! Um cara que treinou com o Luke, um Jedi! Ok… Ok… Ela não sabe “nada” da Força. Mas, será que vocês, caros Padawans, se esqueceram do ensinamento que os Mestres sempre nos deram? Deixe a Força guiar você! Obi Wan Kenobi já dizia: “A Força é um campo de energia criado por todas as coisas vivas: ela nos cerca, nos penetra; ela mantém a galáxia coesa; Ela provém de tudo; Ela é tudo.” A Força é vida, e vida é Força. Por que não podemos admitir que a Força foi quem governou aquele momento e que, Rey, sensitiva como uma mulher poder ser, apenas a deixou mostrar o seu caminho? Além do que, Kylo Ren, na hora da luta dos dois, estava ferido e em conflito com as “tentações do lado luminoso”, o que só favoreceu uma garota que não era nenhuma lutadora tão inexperiente assim…
E tendo lavado minha alma sobre o assunto, eu me despeço por aqui! Beijinhos, até a próxima, e que a Força esteja com vocês!