Castores e Bichos: uma parte da história das apostas no Brasil!
Enquanto esperamos pela decisão final sobre a ley que ampara os jogos de azar no Brasil (e que pode levar até uns dois anos a mais para frente), vem na memória vários fatos que fazem parte da história das apostas no Brasil. Até 1646 o Jogo do Bicho era legal no Brasil, assim como os jogos de azar e os cassinos.
Para entender o momento atual é bom conhecer os fatos prévios que moldaram e foram essenciais para os resultados que vemos na realidade. Isto é, apelar aos fatos históricos para saber quais poderiam ser as previsões hoje em dia, de uma ley como essa na nossa realidade atual. Tentar ver quais podem ser as opções baseados numa coluna que sustenta o momento que
estamos vivendo em relação ao mundo das apostas no Brasil.
O Bingo e o jogo do bicho são jogos que começaram a ser curtidos em forma inocente. O Bingo foi trazido pelos ingleses ao Brasil e foi adaptado ao nosso jeito, ficando com as suas 75 bolas e passou de ser um jogo com fins recreativos a estar disponível online. O jogo do bicho nasceu como uma iniciativa criativa para estimular a concorrência ao zoológico no Rio de Janeiro e virou, assim como o Bingo um jogo muito popular. Mas no caso do jogo do bicho, com aristas afiadas e mais complexas.
Castor de Andrade
É bom lembrar de algumas pessoas que fazem parte da história das apostas no Brasil e ser ciente do decorrer e a evolução no tempo. Castor de Andrade foi uma pessoa com duas faces bem marcadas. Foi um dos mais poderosos bicheiros do Brasil que além de popularizar o jogo, montou um império graças aos bichinhos e vinculações estratégicas em esferas políticas e empresariais bem particulares.
Castor cresceu com o jogo do bicho; a sua avó materna foi apontadora do jogo e quando os pais de Castor casaram ela passou seus pontos para o pai de Castor, o “Zizinho”, referência no bairro de Bangú. Zizinho graças as suas influencias no bairro ganhou novos pontos e bom dinheiro que investiu em pecuária e outros negócios. Antes de entrar na faculdade Castor
já gerenciava os pontos de venda do seu pai pois “Zizinho” dedicou-se definitivamente a seus negócios deixando os bichos nas mãos do seu filho. Com a ajuda dos seus tios ele expandiu os pontos do jogo no bairro enquanto estudava advocacia pela Faculdade Nacional de Direito pela Universidade Federal de Rio de Janeiro. Já formado foi bem mais além no bairro de
Bangú, aproveitando que embora o jogo fosse ilegal, era visto como algo inofensivo pelas autoridades.
Mecenas e empresário
Assim Castor foi multiplicando os lucros em forma exponencial e virando mecenas da comunidade, comprando alimentos para a comunidade e até gerenciando um clube de futebol e uma escola de samba que existem até hoje. Essa estratégia lhe rendeu não somente milhares em dinheiro, mas também milhares de pessoas que o viam como um santo e até chamado de “Padrinho” no bairro de Bangú.
Toda essa chuva de dinheiro tinha dois focos de investimento principais, o Bangú Atlético Clube e a Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Sendo presidente de honra da Mocidade ele conquistou 5 prêmios do grupo
especial das escolas de samba do Rio de Janeiro, fundou a Liga Independente das escolas de samba do Rio de Janeiro e desde 1960 financiando e apoiando o clube de futebol até finais dos 80s. Assim, ia escalando socialmente, lavando cada vez mais dinheiro e aumentando sua rede de contatos nos círculos de poder. Um exemplo disso foi o seu vínculo com João Havelange quem foi presidente da FIFA desde 1974 até 1998.
Contextos históricos e a bicharada até hoje
Em 1946 existiam cerca de 70 cassinos no Brasil, concentrados muitos deles no Rio de Janeiro (grandes símbolos e exponentes foram o Cassino da Urca, Copacabana Palace e o Cassino Atlântico). Essa proibição só aumentou a proliferação do jogo do bicho, o que fez do momento um contexto ideal e é claro, isso foi a favor da família Andrade, mas quem transformou o jogo inocente em império foi o Castor Andrade embora ele tenha sido preso, liberado e até fugitivo continua sendo uma “xerox” interessante de várias décadas do Brasil a ser consideradas hoje em dia.
Castor Andrade morre de um infarto em novembro de 1997 enquanto cumpria prisão domiciliaria em seu apartamento na
zona sul do Rio de Janeiro. Até hoje continuam os enfrentamentos entre o que sobrou de bicheiros para ficar com o território de Castor. Esta matéria foi só uma pequena página dentro do livro da história das apostas no Brasil, após a
sua proibição em 1946. Em breve continuaremos com mais personalidades e fatos para compartilhar com você. Continue ligado e compartilhe! E se você quiser compartilhar conosco algum dado ou fato relacionado, vai em frente, vamos adorar!