Entrevista com o autor de As Crônicas do Cascavel!
Você precisa conhecer o livro As Crônicas de Cascavel e o autor dessa obra de ficção nacional! Os nerds estão invadindo o mundo, por todos os lados, ainda bem! 🙂 Nós, como verdadeiros nerds, ficamos realizados quando vemos mais um do ~clã~ dando super certo, crescendo e sendo reconhecido! O Guilherme Solari, autor do livro As Crônicas do Cascavel é um nerd legítimo, dos bons tempos da nerdice! Ele nos presenteou com uma entrevista super divertida e informativa, principalmente para você, que está querendo entrar no hall de autores brasileiros! Leia o que conversamos, veja lá embaixo a sinopse do livro e fique ligado porque o lançamento será amanhã, dia 16 de maio! 🙂
Coxinha Nerd: Você é nerd? Pergunto isso porque seu novo livro, As Cronicas do Cascavel, fala de um herói paulistano que resolve defender sua cidade do crime e não existe nada mais nerd do que criar seu próprio super-herói.
Guilherme Solari: Eu diria que eu sou o pior tipo de nerd, porque fui aquele “protonerd” dos anos 1980. Hoje existe nerd descolado, mas naquela época nerd era bem naquele estilo “A Vingança dos Nerds”, era o cara que fazia conta no relógio-calculadora, tinha risada desengonçada e só sabia falar de histórias de ninjas, ciborgues e dinossauros.
Hoje já sou um “jovem senhor” de trinta e tantos, mas boa parte do meu gosto cinematográfico estacionou nesse moleque nerdão de 1987, quando eu assistia RoboCop, Predador, Duro de Matar, Máquina Mortífera, etc. E foi esse sabor nostálgico desses filmes que eu tentei canalizar no As Crônicas do Cascavel.
CN: Quais são suas principais influências literárias do mundo dos super-heróis? Aproveito esta pergunta para criar polêmica: DC ou MARVEL? 🙂
GS: Eu diria Batman pela DC e X-Men pela Marvel. Eu costumo gostar justamente dos super-heróis que tem menos superpoderes. Eu acho que você consegue relacionar mais com o drama humano do Batman do que com um semideus como o Superman. E os X-Men, por mais que possam ter esses poderes de semideus, são uma metáfora na minha opinião muito inteligente sobre minorias perseguidas e temidas por serem diferentes.
Acho que o que mais me influenciou nos quadrinhos conforme eu escrevi o As Crônicas do Cascavel foi O Cavaleiro das Trevas e Watchmen. Aquele Batman velho e quixotesco que continua lutando mesmo sentindo dor nas juntas, com aquela obsessão doentia. E Watchmen porque ele tem o meu “herói” favorito dos quadrinhos, o Rorschach. “Peguei emprestado” a ideia do Cascavel manter um diário pessoal em forma de monólogos, mas o que mais ficou na minha cabeça foi algo que o Alan Moore falou sobre o Rorschach: Como seria uma versão de um justiceiro como o Batman na vida real? A resposta é: ele seria alguém com distúrbios mentais. O Cascavel tem esse lado meio louco, que é o que alguém precisa ser pra vestir uma máscara de noite para lutar contra o crime.
CN: Várias pessoas nos mandam emails dizendo que estão escrevendo livros, que queriam ser autores reconhecidos aqui no Brasil, mas que não enxergam um bom espaço de aceitação do público – muitos falam que os brasileiros apenas valorizam a literatura internacional. Você concorda com essa ideia?
GS: Eu concordo, e posso dizer que eu mesmo como leitor também leio muito mais autores estrangeiros. E é algo histórico, como o caso de R. F. Lucchetti, um dos grandes nomes da literatura pulp brasileira, que nos anos 1960 era pressionado por editores para assinar com pseudônimos de ares gringos como Brian Stockler, William Sharpe e Peter L. Brady porque “seria mais vendável”.
Mas eu não acho que o caminho seja reclamar dos leitores, eu mesmo acho um saco quando tentam enfiar livros goela abaixo em mim, mas sim que o escritor brasileiro precisa lutar ao máximo para conquistar espaço. É nadar contra a corrente? É. E completaria que é nadar contra a corrente em meio a tubarões e piranhas. Mas eu não vejo outra forma, um livro tem que ser lido por quem quer ler. O enorme desafio é tentar ser criativo para fazer as pessoas quererem ler você.
No As Crônicas do Cascavel eu tentei fazer isso trazendo esse gênero de filmes de ação dos anos 1980 que não é tradicionalmente brasileiro para o nosso quintal, em particular de São Paulo. Fuga de Nova York virou Fuga de Paraisópolis. Cascavel come coxinha em padocas de esquina, incendeia traficantes no Bixiga, enfrenta gangues durante a Virada Cultural, invade inferninhos no baixo Augusta.
CN: Pela sua história, sabemos que você sempre curtiu o mundo da ficção. Na sua opinião, por que este estilo literário é tão atraente para tantos públicos de idade e origem diferente?
GS: Eu confesso que não sei ao certo. Arrisco que nós seres humanos somos viciados em histórias, é como colocamos ordem em um mundo caótico. A ficção permite que nós imaginemos cenários possíveis, como o mundo poderia ser se algo nele fosse diferente, em particular em gêneros como fantasia e ficção científica.
Eles permitem que você fale do nosso mundo escrevendo sobre a Terra Média, ou outros planetas. E dessa forma, vemos o nosso mundo com a ingenuidade de quando visitamos a cultura de outro país e tudo é diferente. Acho esses gêneros fundamentais para um cultura de mente aberta.
CN: Você teria alguma dica ou conselho para dar aos autores brasileiros iniciantes?
GS: Bem, eu também como autor iniciante tudo o que posso fazer é repassar os conselhos de outros escritores que me são preciosos.
Um é de Stephen King, que diz que ser escritor é fácil, leia quatro horas e escreva quatro horas todo dia pelo resto da sua vida. Tudo bem, nem todo mundo tem esse tempo todo pra incluir no dia a dia, mas se ao invés de quatro horas você reservar uma por dia para escrever, em um ano ou dois você tem um livro. E nada disso de “ah, não estou inspirado”, escrever é trampo. Se eu só escrevesse quando estava a fim ou “inspirado” não teria terminado o As Crônicas do Cascavel, porque ia estar jogando GTA V. Arranque essa musa folgada da cama e bote ela pra trabalhar!
E um conselho ótimo de Neil Gaiman: Escreva. Termine o que você escreveu.
Amanhã tem lançamento do livro em SP! Quem vai? 🙂
Sobre o livro As Crônicas do Cascavel: A obra conta a história de um dono de locadora fissurado por filmes de ação dos anos 80 e que, depois de ser assaltado inúmeras vezes, resolve usar todo o seu conhecimento enciclopédico sobre filmes de tiros e pancadaria para defender São Paulo do crime. Um detalhe importante é que um dos motivos da revolta do personagem, que atende pelo codinome de Cascavel, é que durante o assalto sua amada tartaruga de estimação, Charles Bronson, morre de maneira abrupta.
Só eu estou super ansiosa pela leitura? Gostaria de agradecer ao Guilherme pela disponibilidade em nos responder esta entrevista e, à Lilian Comunica que é sempre um amor com a gente <3 E gera as melhores parcerias para criação de conteúdo para vocês! <3 Beijos!