Olá, coxinhos e coxinhas! Estou adorando mostrar um pouco mais da cultura musical brasileira e desta vez quero falar de rock. Acostumados com Capital Inicial, Detonautas, entre outras bandas brasileiras do estilo, hoje eu lhes apresento a Médicos de Cuba.
Para início de conversa, é bom deixar claro que a Médicos de Cuba não é um grupo de médicos originários de Cuba, mas você não está errado se pensou isso. Formada por Vinicius Hasselmann (bateria), Vinicius Windmoller (guitarra), Saulo Panek (baixo) e Wagner Prochno (vocal) em 2014, a banda já tem dois álbuns e faz sucesso no Paraná. Confira um bate-papo rápido que eu fiz com o baterista Vinicus Hasselmann e com o vocalista Wagner Prochno via Facebook:
Quando a banda surgiu e quando ganhou o nome?
Vinicius: A banda surgiu em 2014, e o nome foi simplesmente por conta do rolo dos médicos de cuba e queríamos aproveitar o hype.
Li em uma entrevista que vocês formaram a banda no colégio. Isso foi em 2013?
Vinicius: Na verdade não, a médicos de cuba surgiu em 2014 mesmo. A banda de colégio que tínhamos era só de brincadeira, era eu (Hasselmann), o Wind (guitarrista), o Canário (antigo baixista) e o Roger, um amigo nosso que nem cantar sabia. Mas a médicos de cuba surgiu em 2014.
Quais as idades de vocês?
Vinicius: Eu, Vinicius e o Wind temos 22, o Saulo Panek tem 23 e o Wagner Prochno, 28.
Como vocês se juntaram?
Vinicius: Eu, o Wind e o Canário tínhamos essa banda de colégio e queríamos tocar num concurso e precisávamos de um vocalista, aí assistimos um show da Aira, antiga banda do Wagner e decidimos convidar ele. Logo no primeiro ensaio surgiram algumas composições e o concurso acabou nem acontecendo, mas levamos a banda em frente, gravamos disco e na metade de 2015 botamos o Saulo no lugar do Canário.
Vocês gravam os trabalhos de forma independente, né?
Vinicius: Sim! Todas as músicas, gravação, mixagem e masterização geralmente é com a gente mesmo. No caso da música F.O.M.F masterizamos com o Alex Wharton, engenheiro de som que atua no Abbey Road¹, lá na Inglaterra. Os clipes também, nós definimos o roteiro, filmamos e editamos tudo. Ás vezes até algumas sessões de fotografia nós mesmos fazemos! Todo o direcionamento e execução artística da banda é pensado e executado por nós, inclusive o encarte dos discos.
Falando nisso, eu adorei o encarte do álbum Recém Casados!
Vinicius: As artes da capa não foi a gente (risos)! A do Recém Casados foi o João Montanaro, chargista da Folha de São Paulo, e do Médicos de Cuba foi o Julio Prazeres, um fã muito talentoso nosso lá de Joinville!
Quais as influências da banda?
Vinicius: Então, não sabemos dizer, pois não conseguimos nem identificar qual é o gênero da banda. A gente chama de rock malandro porque não conseguimos encontrar nenhuma banda parecida até então… Mas o Wagner curte muito Black Sabbath, Ozzy, etc. Eu sou puxado pra Sabbath e Metallica, o Saulo e o Wind são criados no deathcore. Acho que uma banda que todos nós curtimos é Ghost b.c!
Eu acho que vocês parecem um pouco com Korn. Já ouviu?
Vinicius: Sim! Conhecemos sim! Bastante gente diz que parece, mas os “piás” todos não curtem Korn (risos). Já falaram que a gente é tipo o Mamonas Assassinas da nova geração.
Mas vocês escutam outros estilos? Poderia nomear alguns artistas “não-rockeiros” que vocês curtem?
Vinicius: Cara, eu e o Wind pra te falar bem a verdade nem ouvimos rock (risos), nós curtimos rap! Ouvimos Mac Miller, Azizi Gibson, Kendrick Lamar, etc. O vocalista escuta vaporwave² e uns caras de Curitiba como Armadilha inc, Sossa e Hurakan. Piazada faz um som ducaralho!!!
Vocês já pensaram em fazer um som mais puxado para o rap ou o famoso “experimental”?
Vinicius: Sim! Inclusive temos planos pra tal!
Sério? Poderia comentar?
Vinicius: Ainda não temos nada definido, mas pretendemos fazer um feat. (parceria) com o Sossa ou uma música conjunta com a Machete Bomb.
Aproveitando a deixa, poderia comentar sobre os seus álbuns?
Vinicius: Então, o Recém Casados foi feito nas coxas com um notebook dual core, que se um engenheiro de som visse o que a gente fez ele ia xingar a gente (risos). Só lançamos pra ver o que dava, e deu mais certo do que imaginávamos! E no segundo, o Médicos de Cuba, fizemos com mais ímpeto e qualidade.
Todas as músicas são autorais?
Vinicius: Todas autorais, sim!
O que vocês pretendem abordar com a sua música? Críticas sociais, dia a dia, etc.
Wagner: Então, a gente não tem muita pretensão com as letras sabe. Eu, Wagner, que faço as letras. Tipo, a gente fala umas parada nas letras, mas é só porque a gente não vê a galera falando, manja?! Daí tipo, eu faço umas letras “ah drogas isso, ah assassinato aquilo”, meio trágicômico assim. Daí as letras são meio descompromissadas mesmo, porque tipo tem a Jesus de Fora, que na verdade é porque a gente tava falando de tocar em Juiz de Fora só que a gente tava bêbado e errou o nome, aí resolvemos fazer uma letra, então pode parecer sério, mas geralmente não tem nada a ver. Panetone também… Tem nome de comida, mas fala sobre massacre, tipo aqueles escolar, tipo columbine sabe?!
Vocês tem alguma música sobre política ou sobre a situação do país?
Wagner: Ainda não… A gente tenta ficar de fora de política porque é sempre uma treta, daí vira fora Temer x bora Temer e tal, mas acho que daqui a pouco a gente manja.
Qual a sua música favorita dos dois álbuns?
Wagner: Ah, a do primeiro CD para mim é a Açúcar e do segundo é a Panetone. Só nome de comida (risos)!
Fale um pouco sobre a música nova, F.O.M.F!
Wagner: A FOFM é o seguinte: a gente pensou assim “pô, a galera fala de dar as mãos e que todo mundo é igual, só que olhando, não é assim”, porque tipo, o pobre se fode e o rico não, e o bonito as gurias querem pegar, mas o feio não. Daí a música fala do personagenzinho se dar conta que existe essa parada e se esforçar pra entrar no topo. O nome mesmo é Foda-se o mais fraco, mas o Facebook não deixa fazer promoção com palavrão, daí a gente abreviou pra FOMF.
Você tem uma música que significa mais para você?
Wagner: Para mim, Açúcar é bem pessoal, ela conecta mais com a minha pessoa porque fala da vida estar uma bosta e você não querer sair la fora, etc. Mas tipo, tem a Medíocre e tal, a Mimimi, que eu fiz para minha ex-namorada porque ela estorvou³ o rolê mesmo, a Pastel… Tem altas!
Uma coisa que eu observei é que vocês fazem um som sincero.
Wagner: Isso é verdade, a gente não quer ser fake não!
Como foi trabalhar com o Alex Whartonda Abbey Road? Como rolou de se encontrarem e tal?
Wagner: Então, o Abbey Road tem um serviço de masterização online, daí eu faço as paradas de mixagem e tal e queria aprender mais. A gente combinou de mandar pra eles para ver o que eles fazem de masterização e também para estudar a técnica deles. Daí a gente só tratou com o Alex, mas foi bem sossegado, a gente mal conversou. Só mandei a track pra ele e falei “divirta-se ai”! Deixar a galera boa trabalhar…
Pretendem mandar mais alguma faixa ou projeto?
Wagner: Não, é muito caro e tem que pagar em euro e tal. Vale a pena, mas é daquelas coisas que a gente só faz uma vez. Existem pessoas bem talentosas aqui no Brasil também, então vamos conectar com esses talentos
Adorei bater um papo com vocês dois. Obrigada pelo tempo! Gostaria de mandar um recado para quem não conhece a banda e/ou para os fãs?
Wagner: Quero sim! Só gente bonita escuta MDC, então quanto mais cedo conhecerem, melhor!Mais sobre a banda:
Os álbuns da banda, Recém Casados e Médicos de Cuba foram lançados nos anos de 2014 e 2016, respectivamente, e tratam com sinceridade a nossa sociedade em geral. O novo single da banda, lançado no último dia 16 de junho, denuncia a inevitável relação de poder do ser humano. É sobre estar preparado para fazer o que for necessário para alcançar suas ambições, inclusive jogar os mais fracos aos leões. Ouça:
Referências:
¹: Abbey Road Studios é o nome de um estúdio em Londres, localizado na Abbey Road (nome da rua) e foi fundado em novembro de 1931 pela gravadora EMI.
²: Vaporwave é um gênero musical e um movimento artístico que surgiu no início da década de 2010, entre diversas comunidades online. O gênero é o mais puro saudosismo pela cultura retrô dos anos 90, vídeo games, tecnologia, cultura e publicidade nipônica pós-moderna, além de estilos de música comercial, tais como lounge, jazz suave e música de elevador. É definido como um aviltante da música comercial, sendo uma crítica ao consumo capitalista e tentando revelar falsas promessas do sistema.
³: Estorvou é o mesmo que atrapalhar, avacalhar, etc.