Vampiros, anjos e demônios invadem a Flica!
Nós amamos Feiras Literárias e, na última semana, rolou uma que eu nunca fui, mas que morro de vontade de participar! Estou falando da Flica – Feira Literária Internacional de Cachoeira, em Salvador. Imagina que delícia poder viver uma experiência baiana, enquanto assistimos palestras e conhecemos mais um pouquinho desse mundo literário que tanto amamos? Fico com água na boca (de verdade) só de imaginar! Quem sabe no ano que vem estaremos lá?
De um lado, André Vianco, o escritor best-seller, de outro, Ana Beatriz Brandão, revelação da literatura fantástica. Mediada por Aurélio Schommer, Fantasias Noturnas, fechou a intensa rodada de mesas literárias do dia 17 de outubro da Flica 2015 com um encontro “de pai pra filha”, como bem titulou o curador. Vianco, pela primeira vez na Flica, fez questão de contar como foi o início da carreira e incentivou os jovens que compunham boa parte da plateia.
Antes de virar um famoso escritor, ele falou da sua rotina dividida entre o trabalho durante o dia e a escrita que adentrava a madrugada. “Depois que fiquei desempregado decidi investir por conta própria no meu sonho. Peguei o FGTS e publiquei o meu primeiro livro em 2000. Eu sempre digo que é preciso persistir”. O autor que já alcançou a marca de 200 mil exemplares vendidos com o livro Os Sete, destacou outras formas de iniciar a carreira como escritor lançando no Whattpad e Amazon, por exemplo. “Publique seus livros, forme o seu público. Tenha paciência, persistência e paixão”.
Apesar de uma trajetória recente, Ana Beatriz Brandão também pôde compartilhar como foi o início de sua carreira e a experiência de ter dois livros lançados, aos 16 anos: Sombra de um Anjo e Caçadores de Almas – ambos já em segunda edição e com um público que interage frequentemente com a autora. “Eu adoro os meus anjinhos, como chamo carinhosamente meus leitores. Também tive um inicio e muito apoio dos meus pais”.
Sem fugir do tema, já que a noite era dark, Aurélio perguntou qual era o maior medo dos convidados e se eles gostavam de escrever na madrugada. “O engraçado de escrever terror é brincar com a cabeça do leitor. O barato é que elas trabalham por mim. Imagine a cena: ela deitou-se e ouviu um ruído debaixo da cama. Meu Deus tem uma barata. O leitor vai projetar o pior medo. E quando a nossa heroína olha embaixo da cama, ela vê um tigre e diz: ufa, melhor que a barata”, brincou Vianco dizendo o quanto sente prazer em trabalhar neste gênero.
Já Ana, disse que escreveria na madrugada, se pudesse, mas o compromisso da escola ainda pede que ela tenha uma rotina diurna. “Noite tem este negócio do sombrio. Eu fico imaginando, olhando para as sombras. As histórias que eu escrevo saem muito dos meus pesadelos”. Mas, afinal, André Vianco, você é um vampiro? Do óbvio, o escritor revelou o quanto os seus leitores misturam ficção com realidade. Até contou o caso de um leitor que levou para o lançamento de um de seus livros um tubo de vidro com o próprio sangue. “Eu respondi a ela: ‘já jantei hoje, obrigado’”, brincou Vianco ao descrever a cena.
Num dos livros de Ana Beatriz é fácil encontrar cenas em que a vilã revela-se uma imponente assassina. E para a surpresa da autora, os personagens que não tem redenção caem ainda mais no agrado de seus fãs. A pedido do curador, Ana leu um trecho do livro Sombra de um Anjo, que apesar da sua indisfarçada timidez, ecoou no ouvido do público presente como um sussurro, propenso para noite. O crepúsculo já tinha invadido Cachoeira quando a penúltima mesa da Flica 2015 foi se despedindo. Vianco – que elogiou o povo baiano pela receptividade – revelou em primeira mão que logo vai lançar seu novo livro, Estrela da manhã. Com parentes na Bahia, Ana disse se sentir em casa em na cidade do recôncavo baiano e agradeceu o convite da curadoria.
Ao final da sessão de autógrafos de Ana e Vianco, a programação da Flica continuou pela madrugada com os shows das bandas Samba de Roda – Filhos da Barragem seguida do grupo Ilê Aiyê.
Bahia e Flica, ano que vem, com certeza estaremos por aí! 🙂