No Túnel do Tempo – Birds of Prey!
Em 2001, estreou Smallville, uma série pela Warner que contava a história da infância e adolescência do Super-Homem. A mistura de romance adolescente com série de super-heróis foi um tremendo sucesso e, somando a isso o fato do Super-Homem ser um dos super-heróis mais famosos do mundo, era inevitável que Smallville se estendesse por diversas temporadas. Com a finalidade de pegar carona com esse sucesso, a Warner lançou, um ano depois, outra série de super-herói, tentando tirar lucro de mais um famoso nome da DC, o Batman. Só que não, eles não fizeram um seriado sobre o Batman. Criado por Laeta Kalogridis, Birds of Prey se passa em um New Gotham, uma versão futurista da cidade do Homem-Morcego, e acompanha as aventuras de Huntress (Ashley Scott) em sua jornada para proteger New Gotham e encontrar o seu lugar no mundo.
Filha do Batman com a Mulher-Gato, Helena Kyle é uma meta-humana com incrível força, agilidade e resistência física. Depois que sua mãe é assassinada, Helena assume a identidade de Huntress e passa a combater o crime na calada da noite. Batman não aparece na série. Por que? Bem, em princípio é um motivo bem tosco: houve uma briga muito feia entre ele e o Coringa e, apesar do Batman ter saído vitorioso, o Coringa causou a morte da Mulher-Gato e fez com que sua companheira, a Bat-Girl, ficasse paraplégica. O Homem-Morcego, então, ficou muito sentido com o fato das pessoas que ele ama terem se machucado e, por isso, ele resolver desaparecer. Típico do Batman né?
Enfim, para combater o crime, Helena conta com a ajuda de Barbara Gordon (Dina Meyer) a antiga Bat-girl que, depois de ficar paraplégica, assume a identidade de Oráculo e se torna uma gênio da ciência e da computação. Gordon serve também de figura materna para Helena, tendo adotado e tomado conta dela depois da morte da Mulher-Gato. As duas também contam com a ajuda de Alfred Pennyworth (Ian Abercrombie), o antigo mordomo de Bruce Wayne que, depois do desaparecimento de seu chefe, não tem mais do que fazer da vida e, por isso, resolve ficar por perto, ajudando-as. Se bem que, convenhamos, se eu tivesse perdido meu chefe e não tivesse mais o que fazer, e pudesse escolher ficar andando com duas mulheres bonitonas, eu também faria isso.
Além desses personagens, temos Dinah Lance (Rachel Skarsten) a filha da Canário Negro e uma meta-humana capaz de ler a mente de quem toca e com habilidade telequinéticas. Dinah é uma menina que vem para New Gotham depois de uma série de sonhos proféticos que ela teve com Huntress e Oráculo. Ela parece perdida, sem rumo na vida e as duas tomam ela como uma espécie de jovem aprendiz. Em New Gotham, meta-humanos são bem comuns. São pessoas que nascem com habilidades especiais, mas que nenhum dois meta-humanos tem o mesmo poder. Quando Dinah pergunta, no primeiro episódio, se todos o meta-humanos nascem com poder, Bárbara Gordon responde que sim, “apesar de que tem acontecido coisas estranhas por conta de uma chuva de meteóros” e essa é toda referência a Smallville que nós vamos ver na série.
Apesar desta falta de referência, a comparação entre as duas séries e inevitável. Birds of Prey segue a mesma fórmula das primeiras temporadas de sua precursora, em que cada episódio tem um “vilão da vez” e a heroína, enquanto enfrenta problemas pessoais por conta de sua vida-dupla, precisa derrotá-lo para salvar a cidade. Tudo isso nos leva, lentamente, até o confronto final do Harley Quinn (Mia Sara). A série foi fraca, e, por isso, acabou com apenas uma temporada de 13 episódios. Eu gosto de pensar que o maior problema de Birds of Prey é que ela estava a frente do seu tempo. Em 2002, não havia a febre de super-heróis que estamos vivendo hoje em dia. O primeiro filme do Homem Aranha da trilogia de Sam Raimi mal tinha estreado e, se você não lesse quadrinhos, você provavelmente nunca teria ouvido falar de muitos dos personagens presentes em Birds of Prey.
Hoje em dia qualquer coisa de herói faz sucesso. É possível pegar um herói consideravelmente desconhecido e torná-lo um sucesso instantâneo de vendas, pegando carona em outros heróis mais bem sucedidos. Naquela época, porém, isso era mais difícil e a ausência de personagens de pedigree em Birds of Prey fez com que a série rapidamente entrasse para o esquecimento. O que é uma pena, pois, apesar de ter tido uma primeira temporada mediana, as personagens tinham um certo potencial de profundidade que poderia ter sido bem explorado em futuras temporadas. Caso Birds of Prey tivesse sido lançada nos dias de hoje, o resultado seria bem diferente.