Boyhood é mesmo o filme do ano?
No fim de 2014, um pouco depois do anúncio dos indicados a algumas das principais premiações do cinema pré-Oscar, até o presidente americano Barack Obama deu seu parecer sobre o ano cinematográfico e declarou que “Boyhood foi o melhor filme que ele assistiu em 2014″. Declarou ainda que Garota Exemplar é muito bom também mas o “livro é bem melhor”. E se Obama fala, tá falado.
Será? Bom, eu já estou cumprindo minha tradicional maratona pré-Oscar (embora os indicados ainda não tenham sido anunciados, mas já dá pra ter uma boa ideia do que vem por aí), então aguardem que minhas opiniões sobre os indicados serão devidamente expostas e compartilhadas. Então comecemos pelo filme que levou doze anos para ser filmado e segundo Barack Obama, é o filme do ano de 2014.
Boyhood vem sendo cercado de grande expectativa desde o final de 2013, quando o lançamento do filme foi confirmado para o verão do ano seguinte. O “projeto de doze anos” do diretor Richard Linklater teve início em 2002 e tinha como principal objetivo acompanhar o crescimento do personagem Mason, interpretado por Ellar Coltrane. Falei mais profundamente sobre isso aqui há alguns meses.
Pois bem, assisti Boyhood pra ver se é isso tudo mesmo e tal. Adianto que apesar de gostar muito desses filmes mais independentes e alternativos, eu recomendo que você, que tem uma preferência por filmes de ação, com adrenalina e afins esteja realmente disposto a assisti-lo, até porque são quase três horas de filme. Longe de ser entediante, muito pelo contrário, mas li diversos comentários de pessoas que não gostaram do filme por ele ser arrastado e chato, mas estas mesmas pessoas admitiram que seu estilo de filme é outro.
É bem envolvente a experiência de assistir um filme e ao mesmo tempo acompanhar a evolução e desenvolvimento de um garoto de seis anos (a idade de Mason quando o filme começa) até ele chegar à faculdade aos dezoito. Ainda mais pelo fato de ser de uma família de pais separados e viver entre as casas do pai (Ethan Hawke) e da mãe (Patricia Arquette). Inclusive presenciar os relacionamentos conturbados desta, o que ocasiona diversas mudanças, de endereço principalmente, durante o período.
O que eu achei de mais fantástico no filme é que ele simplesmente narra a vida e o cotidiano com os anos correndo. Calma, não é uma novela do Manoel Carlos! É um filme sobre a vida e sobre a evolução e o desenvolvimento do ser humano e vale dizer aqui que não só de Mason que era o grande foco do filme, mas a evolução de todos ao seu redor, seus pais e sua irmã. Doze anos pode até parecer pouca coisa, mas se você reparar no filme, é um período de intensa transformação, especialmente para uma criança/adolescente passando para a vida adulta. E mesmo para os adultos do filme, é um período de muitas mudanças e amadurecimento.
Falando mais especificamente de alguns aspectos de Boyhood, há de se destacar a trilha sonora o que também é um retrato do tempo que se passa no filme, com músicas bastante peculiares de cada ano em que se passa o filme. Não só isso, mas percebe-se também a evolução tecnológica, quando surgem os iPods, iPhones, Skype e etc. O que faz com que não só o crescimento de Mason seja acompanhado, mas também o do mundo e da sociedade.
Talvez por isso Obama – e mais um monte de gente, já que várias associações de cinema do mundo todo o elegeram como o melhor filme de 2014 – tenha escolhido Boyhood como o seu filme predileto. Se trata de uma história sobre uma família durante doze anos que nos revela quanta coisa acontece neste período por mais que passe voando por nossos olhos. Você poderia fazer um filme da sua vida sobre os últimos doze anos? Com certeza qualquer um de nós poderia e é isso que Richard Linklater nos traz: um retrato de crescimento, desenvolvimento e evolução de um garoto, um processo que todos nós passamos durante a vida toda. É uma ideia bem simples, mas que na tela ficou de uma grandeza incrível.
Ah sim, eu gostei demais! Só não é o meu favorito ainda pra ganhar o Oscar porque preciso assistir os demais 😉