Eu Me Importo traz originalidade em um filme excelente

É impossível pensar em Eu Me Importo e não lembrar diretamente de outra produção de sucesso de Rosamund Pike. Assim como em Garota Exemplar, o novo filme da Netflix usa e abusa do absurdo talento de sua protagonista, que se mostra mais uma vez, muito confortável em interpretar uma personagem complexa e psicótica. Em seu mais novo lançamento, porém, Pike ganha mais espaço para desenvolver a imagem que quer passar para o público. 

A produção

O filme conta a história de Marla Grayson (Pike), uma guardiã legal profssional voltada para pessoas ricas e idosas, abandonadas por seus familiares e cujas fortunas estão simplesmente guardadas em algum cofre. Grayson é a líder de uma verdadeira quadrilha, composta ainda por um juiz, uma médica e inúmeros funcionários de sua clínica. As vítimas são recomendadas pela médica, autorizadas pelo juiz e então enviadas a instituição de Grayson sem levantar suspeitas. É o plano perfeito para ganhar dinheiro às custas de pessoas inocentes. Sempre bem vestida e com jóias caras, ela leva a vida tranquila de uma golpista de sucesso. Até que seu plano começa a dar errado. 

Ao escolher sua próxima vítima, Jennifer Peterson (Dianne Wiest), ela não imagina que a idosa guarda segredos perigosos em seu passado. O que ela imagina ser um processo fácil de internação, culmina em uma rede de segredos e mistérios criminosos. Quando a geniliadade de Marla encontra o sangue frio de Roman Lunyov (Peter Dinklage), a trama do filme é estabelecida e o que já era bom se torna ainda melhor. 

O elenco

Assim como aconteceu em Garota Exemplar, toda a história é voltada para a protagonista de Rosamund Pike. Marla é calculista, gananciosa, manipuladora e fria, capaz de acabar com a vida de pessoas idosas sem o menor escrúpulo. Ela passa a imagem de pessoa correta e bem vestida, sempre com expressões faciais de boa moça e uma voz suave e delicada. A personagem traz diversas camadas, reveladas ao longo do filme e a medida que Marla encontra seus novos clientes. A crueldade no olhar de Pike assusta e mostra o talento da atriz vencedora do Globo de Ouro 2021

Eu Me Importo

O filme é, assim como sua protagonista, friamente calculado. As nuances de cada cena destacam o objetivo daquele momento, com detalhes presentes até mesmo nas cores dos vestidos que Marla usa. A obsessão de Roman com doces delicados e coloridos contrastam perfeitamente com a postura carrancuda e o terno preto que ele sempre usa, sem falar no método escolhido por ele para resolver seus problemas. Até mesmo a introdução de Fran (Eiza González) na história ocorre de forma gradativa e complementar a de Marla. Ela é tudo para a protagonista, desde assistente a amante, ao mesmo tempo que ganha espaço de segunda opção em sua vida. 

O filme fala sobre golpes e suas consequências, usando como vítimas idosos inocentes. Enquanto estamos acostumados a produções envolvendo redes mafiosas e mortes sangrentas, a Netflix entrega algo novo e muito bem pensado. O que Marla faz é feito por muitos ao redor do mundo, cada um com sua particularidade. Usar pessoas ingênuas para crescer é um plano tão antigo quanto a roda e até hoje segue fazendo diversas vítimas por aí. Marla vive o sonho americano tradicional, com uma casa bonita, o emprego dos sonhos, mas a que custo? 

Eu me Importo já está disponível na Netflix. 

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