DOIS IRMÃOS | Uma aula de sentimentos, fantasia e amor!

Ainda em 2019 ficamos sabendo da existência do próximo lançamento da Pixar. Onward chegou ao Brasil sob o nome de Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica. O filme do diretor Dan Scanlon, nome envolvido com grandes outras produções do estúdio, como Carros e Universidade Monstros, logo chamou atenção.

Os dois protagonistas são dublados por Chris Pratt e Tom Holland. A dupla de sucesso da Marvel deixou os trajes de lado e cedeu as vozes para Ian e Barley Lightfoot. Além deles, Octavia Spencer e Julia Louis Dreyfus estão envolvidas na dublagem de outras personagens. Ao final de quase duas horas de duração, é possível perceber o real motivo e significado de Dois Irmãos. A dublagem traz o público, mas a história o mantém atento até o final.

Parabéns, Pixar

O filme está, sem dúvidas, entre as melhores animações da Pixar lançadas até hoje. Apenas pela sinopse é possível entender que o que será exibido vai além de um filme de animação. Embora ainda taxados de infantis, os mesmos ensinam a nós, adultos, o que quando crianças não conseguíamos perceber. E Dois Irmãos traz uma série de lições.

O Filme

A história narra a vida de Ian e Barley Lightfoot, dois irmãos elfos, em uma pequena cidade chamada New Mushroomton. Lá, criaturas das mais diversas espécies convivem em um mesmo lugar, independente das adversidades. Temos elfos, unicórnios, trolls, centauros, gnomos e até mesmo uma gigantesca Manticora, dentro do mesmo espaço de terra.

Os irmãos Lightfoot perderam o pai quando Barley ainda era uma criança. Ian não teve a chance de conhece-lo, mas cresceu idealizando e imaginando como seria seus momentos ao lado do pai. A mãe sempre esteve presente e dedicada a suprir a falta que o marido faz. Criou duas figuras completamente diferentes: Ian é introvertido e extremamente tímido, mas um menino sonhador. Barley vive no mundo mágico dos jogos de RPG e acredita em tudo aquilo que vê nas cartas.

Dois Irmãos

No aniversário de 16 anos de Ian, a mãe lhe entrega um presente que foi de seu pai. Uma carta deixada aos filhos ao lado de um cajado é o primeiro passo para o início de uma aventura. O que parecia um simples pedaço de madeira se revela um artefato mágico. Como uma última lembrança, o pai lhes ensina um feitiço. Se realizado com afinco, os filhos poderão encontrar seu herói por breves momentos antes do pôr do sol.

Conhecer o pai é o sonho de Ian. Ao lado do irmão e da velha Kombi, Guinevere, eles embarcam rumo ao desconhecido. Precisam encontrar a Pedra Fênix para que o feitiço se complete, mas todo o roteiro parece baseado nos jogos de Barley. Eles precisam reencontrar a magia, esquecida há muito pela sociedade.

Logo no início, Dois Irmãos nos joga dentro da realidade, através de metáforas bem encaixadas no roteiro. A sociedade da cidade fictícia vive o mesmo problema que enfrentamos diariamente. Perdemos a magia dos sentimos, da amizade, da presença e as trocamos por telas e fones de ouvido. Deixamos de valorizar o essencial e quando percebemos, somos rodeados pelo superficial.

A Trama

O filme pode ser resumido e descrito em relacionamentos. Embora traga um cenário colorido e fantástico, com seres mágicos e inúmeras referências a outras produções da Disney-Pixar, o roteiro é dividido em relacionamentos. Ian vive em seu mundo particular, com poucos amigos, uma relação rasa com o irmão e nada mundo profundo com a mãe. A falta do pai fez com o que menino crescesse e tivesse medo de não ser aceito. Seu único amigo é o dragão de estimação da família, além de uma velha fita cassete. E embora o irmão tente, Ian se fecha e o acha esquisito.

Uma Pintura

Barley encontrou nos jogos o melhor amigo que precisava para suprir a falta do pai. Ele se atém as lembranças, mas procura viver da melhor forma possível. É apaixonado pelo irmão e tem orgulho de ver quem ele torna ao longo da jornada. O relacionamento dos dois é o grande protagonista da história e nos faz repensar sobre relacionamentos que temos e não damos valor.

Dois Irmãos é o tipo de filme que começa leve, daqueles que sentamos na cadeira e apenas apreciamos. A fotografia é belíssima, aproveitando de tons azulados para refletir o estado de espírito de seus protagonistas. Quando o clima esquenta, as cenas são tomadas pelo vermelho do fogo ou pelo verde dos feitiços. Pequenos detalhes que tornam o filme ainda mais especial.

Obrigada, Pixar

Com o passar do roteiro, extremamente bem trabalhado e complexo para uma produção do gênero, entendemos o objetivo do diretor. O filme é uma história de luto e as consequências enfrentadas pela perda de um ente querido. Mas diferente do que vemos em outras produções do gênero, aqui a tristeza não é protagonista.

Ao final, o desfecho encontrado não poderia ser melhor. Surpreendente, mas acima de tudo, emocionante. Desafio ao público sair dos cinemas sem se emocionar com a história de Ian e Barley. É pura, orgânica, complexa, mas acima de tudo, bonita. Dois Irmãos pode até ser uma animação, mas está longe de ser um simples filme infantil. Obrigada Pixar, precisávamos disso.

 

Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica está em exibição nos cinemas. 

 

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