STREAMING | E a reinvenção dos grandes estúdios!

STREAMINGS

Com seus imensos públicos e investimentos colossais, a Netflix, a Amazon e outros disruptores digitais estão aumentando de forma nunca vista o custo de aquisição e criação de conteúdos de alta qualidade no cenário de entretenimento mundial.

As empresas do setor de mídia, como estúdios e produtoras, não conseguirão competir em pé de igualdade com esses gigantes, a menos que façam investimentos maciços em conteúdo e reforcem seus recursos em tecnologia de produção e análise de dados.

A transformação de custos nunca é um assunto fácil – ainda mais em Hollywood, onde os gastos generosos são uma maneira comprovada de atrair talentos e adquirir o melhor conteúdo. Mas com tamanha ameaça se aproximando, os executivos das empresas de mídia devem encontrar maneiras de integrar essa tarefa tanto em suas organizações como na cultura da própria indústria.

Desde o início da era blockbuster, por vezes datado no lançamento de Tubarão (Jaws), em 1975, as empresas de mídia se apoiaram no princípio de que criar e lançar o próximo grande sucesso era o objetivo número um na indústria. Os resultados com bilheteria, distribuição internacional, licenciamentos e aluguel de vídeos eram tão grandes que mais do que justificavam a despesa.

Essa mentalidade de lançar blockbusters ajudou a alimentar uma enorme criatividade, inovação e avanços tecnológicos na produção de vídeos. As empresas de mídia desenvolveram estratégias para reunir os melhores talentos e fornecer-lhes quase tudo que quisessem para participarem de seus filmes. Os orçamentos de produção e marketing foram aumentando à medida que os estúdios investiam em apostas maiores, amparados pelo fato de que uma franquia “Piratas do Caribe”, de enorme sucesso, cobriria um fracasso eventual como “John Carter”.

O enorme sucesso de séries de TV como Friends e ER, que em seus auges custavam mais de US$ 10 milhões por episódio, gerou ganhos descomunais para seus proprietários, abrindo oportunidades para centenas de programas e produtores, bem como uma enorme rede de serviços, agentes , assistentes e fornecedores apoiando esse ecossistema. Nos EUA, um grande influxo de capital resultante da ascensão da TV paga, que começou a atrair bilhões de dólares para a indústria nos anos 90, acelerou ainda mais esse crescimento. Hoje, os episódios da temporada final de Game of Thrones da HBO custam mais de US$ 15 milhões cada. O influxo de capital da TV paga impulsionou o gasto total em programação nos EUA.

 A chegada dos streamings, liderada por Netflix e Amazon, acelerou o jogo drasticamente. Os telespectadores voltaram seus olhos – e bolsos – de forma sem precedentes para esses serviços de streaming. A Netflix, por exemplo, gastará US$ 15 bilhões em conteúdo só em 2019. E como serviços primordialmente digitais, essas empresas têm vantagens de financiamento que as empresas tradicionais de mídia não possuem porque os investidores as valorizam de forma diferente e, no caso da Amazon, suas receitas estão fortemente ligadas a outras empresas.

O impacto que a Netflix, a Amazon e outros serviços de streaming tiveram na TV foi imenso. Eles analisam comportamentos de visualização e padrões de retenção para tomar grandes decisões, como fez a Netflix ao pagar incríveis US$ 100 milhões para renovar seu acesso a Friends, em 2019. Eles usam serviços em nuvem como a Amazon Web Services para ganhar escala rapidamente e de forma muito mais competitiva do que as tradicionais abordagens de custo fixo. Juntos, os novos entrantes podem oferecer uma experiência mais personalizada e econômica aos espectadores, conhecendo-os e servindo-os melhor.

Os estúdios estão dando uma resposta por meio de consolidação para crescer, adquirir mais conteúdo (Disney e 21st Century Fox, Discovery e Scripps, e outros que provavelmente virão) e para garantir uma distribuição mais ampla (Comcast e NBCUniversal, AT&T e Time Warner). E depois de anos oferecendo serviços de streaming limitados projetados principalmente para proteger seus modelos de negócios, as empresas de mídia estão finalmente lançando serviços mais completos, encabeçados por ofertas da Disney, NBCUniversal e, no Reino Unido, da BritBox, ITV e BBC. O baixo preço mensal da Disney e os enormes cardápios de ofertas certamente aumentarão a pressão sobre outros players de streaming, particularmente aqueles com conteúdo menos diferenciado e em condições financeiras menos favoráveis.

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