The Magicians | O mundo mágico e seus conflitos estão de volta!

The Magicians é uma série de fantasia moderna baseada na coleção de livros do escritor americano Lev Grossman. Com uma temática escapista, ela é descrita como uma “versão mais pé do chão de Harry Potter, mais madura e com sexo”, ela conta a história de Quentin Coldwater, que se matricula na Universidade Brakesbill para Ensino Mágico (tradução livre). Ele descobre que magia é algo real e que ele é capaz de utilizá-la. A medida que o enredo da série de desenvolve, ele descobre que Fillory, o mundo de fantasia de seus livros favoritos, é real e que ele é mais importante do que imagina.

Diferente de Harry Potter, que é majoritariamente mágico e separa o mundo dos magos do mundo dos não-magos (ou trouxas), em The Magicians os dois mundos estão sempre interligados. Existem usuários de magia fora de Brakbills e a sua presença força sempre uma interação entre o mundo de Brakebills e o “mundo dos trouxas”. O próprio uso de magia é mais ligado à realidade. Os magos não só fazem balançar uma varinha para criar efeitos incríveis – as magias têm receitas a serem seguidas e têm consequências bem mais reais e assustadoras.

A serie conta com um elenco composto majoritariamente de atores desconhecidos. Quentin Coldwater é interpretado por Jason Ralph que, apesar de ter feito aparições em outras séries, tem em The Magicians o seu primeiro grande papel como parte do elenco principal. Sua melhor amiga na série, Julia Wicker é interpretada por Stella Maeve, que só fez algumas aparições rápidas em diversas séries. O mesmo pode ser dito da Olivia Taylor Dudley, que interpreta Alice, o interesse romântico de Quentin; ou de praticamente quaisquer membros do elenco da série. Não havia lá ninguém que eu reconhecesse de outro lugar, a exceção sendo Anne Dudek – do filme As Branquelas – uma das professoras de Brakebills.

Isso resulta em uma leve flutuação na qualidade da atuação. Ralph nos convence que Quentin é um rapaz ansioso e retraído, mas, as vezes, ele passa essa características de forma excessiva, como se quisesse martelar na nossa cabeça que Quentin é um cara socialmente inepto. A gente sabe disso! Ele começou a série internado em uma manicômio. Você não precisa nos mostrar isso a cada segundo!

Isso me fez perguntar, múltiplas vezes, por que os outros personagens são amigos de Quentin. Da forma retraída como ele é interpretado, não há motivos para os “garotos populares” da universidade quererem tanto se aproximar dele. Ele não é um cara legal e ele não parece estar nem aí para os “amigos”. Mas, para ser justo com o ator, não sei se isso foi sua culpa ou culpa do roteiro que colocou o personagem como sendo dessa forma.

O mesmo acontece, em menor grau, com os demais personagens. Se um cara é arrogante e metido, ele é arrogante e metido pra caramba. Uma garota sedutora que usa seus charmes para conseguir o que quer, está sempre seduzindo ou sendo dissimulada. A garota retraída, estudiosa e sem amigos é praticamente um gato de rua desconfiado. Todos esses esteriótipos fazem com que os personagens sejam unidimensionais e a sua atuação (para usar o termo em inglês “over the top”) passa a impressão de que os atores estão se esforçando demais para impressionar. E isso mostra.

Eita, eu fiz parecer que a série não é boa. Não é bem isso. Por via de regra, os atores estão bem. Cada um desempenha o seu papel de forma aceitável e convincente. Apesar dos excessos, nenhum personagem parece irreal ou caricaturesco. Com a chegada da segunda temporada, espero que os atores tenham ganhado mais confiança em seus papeis e que, com um desenvolvimento mais aprofundado dos personagens, isso melhore.

O ponto alto da série é, sem dúvida, os seus efeitos especiais. Eles são impressionantes e suas magias são bonitas e bem feitas. Não é Dr. Strange, em que raios laranjas são lançados contra os inimigos que tudo é muito brilhoso e colorido. Em The Magicians, a magia assume um tom mais sóbrio (podendo ser até assustador), mas que é de tirar o fôlego do espectador. E, na segunda metade da primeira temporada, quando nossos personagens são levados para um mundo mágico, é quando os efeitos visuais se tornam, realmente, impressionantes.

A narrativa é legal. A série é muito bem sucedida em criar três mundos distintos – o mundo real, Brakebills e Fillory – com personagens, regras e estéticas próprias. Não vou entrar em detalhes sobre os mundos aqui para não dar spoiler, mas a forma como esses mundos são diferentes, e como eles se relacionam, é muito interessante e tratada de forma muito hábil pela série. Os mundos não foram explorados em todo o seu potencial (é uma temporada de 13 episódios apenas, o que era de se esperar?), mas a primeira temporada foi bem sucedida em estabelecer esses mundos e dar uma base para desenvolvimento em temporadas futuras.

O ritmo da história é um pouco truncada. Demora para Quentin chegar em Brakebills, o que só acontece na metade do episódio piloto. E, depois de estar em Brakebills, demora muito para eles irem a Fillory. Muita coisa acontece em Fillory, mas essa viagem só ocorre no penúltimo episódio da temporada e os dois episódios finais acabam sendo corridos e contendo muita informação – se comparado com os episódios anteriores.

Mesmo com os problemas de ritmo, a série permanece interessante do inicio ao fim. A sensação de que as coisas demoram um pouco para acontecer é compensada pelo fato de sempre estar acontecendo alguma coisa mágica e legal, com conceitos interessantes. Há um foco talvez excessivo em sexo, que eu acho um pouco desnecessário (até os livros transam), mas isso é um opinião pessoal que não chega a influenciar na qualidade da série como um todo.

A primeira temporada tem um dos melhores Plot Twists que eu já vi na vida. Lá no finzinho, temos uma revelação que me deixou perguntando “Sério, wut? Por essa eu não esperava” e isso é algo bem difícil de acontecer comigo. Foi uma sacada bem genial que deu a todo o mythos da série uma profundidade de uma potencialidade que, até então, não estava lá. Além disso, o final da temporada foi um cliff-hanger que me deixou extremamente ansioso para a chegada da segunda temporada. É um golpe baixo, feito para deixar os espectadores curiosos com a nova temporada e tentar garantir uma renovação. Mas, fazer o que? Funcionou.

Em suma, The Magicians não é uma série perfeita. É ousada, que busca pegar algo que já foi muito usado e abordá-lo de uma forma nova. Os seus defeitos são mais que compensados por sua personalidade e estilo. A primeira temporada estabeleceu uma base e nos deu um relance do que ela poderia ser com desenvolvimento adequado. Agora é só esperar para ver. E nem temos que esperar muito, pois a segunda temporada estreia dia 25.

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